domingo, 22 de fevereiro de 2015

50 tons de cinza ou razões para não assistir e não ler

Era tarde quando eu entrei no cinema para assistir  50 tons de cinza. Ao contrário do que eu esperava, a trama não me seduziu! Depois de tanto bafafá eu estava curiosa. Houve um tempo em que eu
cruzava com muita gente compenetradíssima lendo na rua, no metrô, nos pontos do ônibus... Desconfiada, me ocupei de outras obras, mas coloquei o título na lista de espera. Agora, eu perdi a vontade de ler. É que me incomoda profundamente ver um homem batendo em uma mulher. Simplesmente não consigo assimilar essa prática como fetiche. Talvez seja puritanismo ou radicalismo. Só sei que esse é o meu limite.
Discutindo essas questões com o filósofo e escritor Geraldo Lacerda, ele me disse que cada um tem seus limites, respeitá-los e compartilhar com alguém que os entendam é conviver. Para ele, cada um deve se permitir o que não o agride. Mas ressaltou que mesmo nas aventuras e fantasias, o melhor é não se perder completamente.
O problema é: temos de fato habilidade para identificar a tênue linha que há entre o prazer e a cruel brutalidade? O enredo do filme brinca diversas vezes com esse limite e usa de neologismos como chamar de dominante o sadomasoquista. Além disso supõe que presentes caros e muita ostentação podem fazer a bela e ingênua mocinha sentir prazer ao ser torturada.
Em um mundo onde a mulher é tão violentada, precisamos perder tempo e dinheiro com isso? As crianças parecem saber a resposta: