domingo, 7 de setembro de 2014

Desafio para Marina Silva

Cara candidata, hoje assisti e, por achar que valia muito a pena, compartilhei no meu face esse vídeo:

Depois fiquei pensando que antes de falar com tamanha coerência você deve ter orado ao seu Deus - que também é meu - e pedido sabedoria. Espero que continue fazendo isso, principalmente se for eleita. Você vai precisar de muita sabedoria para enfrentar os problemas do nosso país, sobretudo na área que mais promove o crescimento social, econômico, ambiental..: a educação.

Te desafio Marina, a fazer um compromisso. Se fizer eu voto em você e tenho certeza de que milhares de educadores e pessoas que valorizam a educação farão o mesmo. Se comprometa à unificar o salário dos professores de todo o Brasil com o salário de um professor universitário federal. Parece loucura, mas dinheiro existe para isso: se alguém disser que os recursos não são suficientes, exija que eles sejam transferidos de obras superfaturadas, por exemplo.

Todos os outros candidatos falam em seus discursos sobre a importância dos educadores. Mas nenhum deles prometem remunerar MUITO bem os professores que atuam nas escolas públicas: desde os que trabalham com os mais novos até os que formam doutores. Garanto que isso promoverá uma grande revolução no ensino, com impacto para os tubarões gestores das escolas privadas . Não é só isso o que importa, todo o restante das propostas que já foram feitas por sua equipe são bem-vindas, mas o compromisso com a garantia de um salário digno para todos os que estão em sala de aula ou dando suporte aos que estão já é um grande começo. E aí, topa o desafio?

De boas intenções o legislativo está cheio

Dilma acaba de aprovar uma lei proposta por Cristovam Buarque para estimular a formação de público do cinema nacional. As escolas públicas agora serão obrigadas a garantir que cada turma assista por mês pelo menos duas horas de filmes brasileiros. Eu deveria estar comemorando isso porque trabalhei muitos anos promovendo sessões no cinema para  escolas públicas e particulares - no Cineapreender de BH e no Grupo Estação no Rio de Janeiro. No entanto, estou apreensiva: o que acontecerá se os autores resolverem processar as escolas pela sessão não autorizada dos filmes deles? Ao contrário do que muita gente pensa, a exibição pública de um filme sem o consentimento do dono - ainda que seja dentro de uma instituição de ensino -  é ilegal.

Mesmo que um autor compreenda que a sessão de seu filme na escola é uma contrapartida para o uso de dinheiro público, não estou convencida de que essa lei seja uma boa ideia. O próprio autor da lei reconhece que muitas escolas não dispõem de equipamentos adequados para garantir a qualidade das imagens e dos sons. Vale lembrar que em cadeiras desconfortáveis, iluminação inadequada e barulho, mesmo um filme excelente pode se transformar em uma obra tosca. Assim, que público iremos formar? Corremos o risco de reforçar a ideia de que o cinema nacional é inferior e não é isso o que queremos!

Caso os nossos legisladores realmente se sensibilizassem com a formação de público para o cinema brasileiro, ou ouvissem os especialistas, teriam proposto, por exemplo, a liberação de verbas para projetos pilotos. Neles, profissionais capacitados iriam promover em parceria com educadores interessados várias sessões no cinema - que é o lugar para ver bons filmes. Essas turmas experimentais seriam avaliadas ao longo do ano a fim de qualificar o impacto dessa experiência para a aprendizagem. Caso a experiência fosse de fato pedagogicamente impactante, mais recursos seriam canalizados para ampliar o projeto para todas as escolas públicas.

No modelo francês, os recursos públicos voltados para o cinema são divididos em três partes e destinados às três áreas: produção, exibição e formação de público. No Brasil, os recursos destinados à produção geralmente beneficiam os produtores que menos precisam. Os exibidores que sobrevivem estão nos shoppings apostando as fichas no cinema americano. Já o formação de público só existe graças à militância de profissionais que trabalham como aquele passarinho que tenta apagar o incêndio na mata.

Enfim, é preciso enfrentar o problema com mais disposição ou então teremos mais uma lei que não serve pra nada, ou pior, que resultará no oposto do que ela se propõe: "contribuir culturalmente para a formação social, a possibilidade de educar a criança para um olhar sobre a realidade brasileira, sobre o cinema brasileiro".
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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Os sem escolas

O alto custo das mensalidades escolares, o obsoletismo do ensino, o alto índice de violência e a falta de abertura para o diálogo são algumas das razões de as famílias saírem das escolas particulares em  busca de novas alternativas para a formação de seus filhos.

Algumas famílias migraram para as escolas públicas e encontraram um fôlego no  processo de endividamento e podem até se surpreender com a qualidade da estrutura da escola e com o bom nível dos professores. Entretanto, existem famílias que, ao se sentirem economicamente aliviados, largam as crianças ao Deus dará. Conheço casos de escolas - na zona sul do Rio de Janeiro - que estão sem professores de português desde o início do ano - escrevo isso em setembro! - e que as famílias não fizeram nem um barulho por isso. Me pergunto: será que os alunos não comentam nada em casa. Se comentam, os pais não ouvem ou não se incomodam?

Algumas famílias decidem pela desescolarização assistida: um grupo se organiza, os membros da família assumem o papel de professores ou um educador ou vários profissionais contratados orientam o estudo das crianças e dos adolescentes. Geralmente as aulas acontecem na casa de um dos participantes ou as crianças podem migrar para diferentes espaços - incluindo bibliotecas e centros culturais. Esse vídeo fala sobre isso - infelizmente não encontrei nenhuma versão legendada para ele, mas mesmo assim, vale a pena ver:



Penso que independente da modalidade do ensino,vários fatores estão envolvidos na formação de um sujeito preparado para criar, atuar e assumir responsabilidades no mundo. O "ser sincero e desejar profundo", cantado por Raul, se aplica para cada sujeito envolvido nesse processo.  Educadores - pais e colaboradores inclusive, junto com cada educando precisam querer e perseguir o aprendizado, de preferência com alegria. No vídeo abaixo, um adolescente que optou por viver fora da escola tradicional, mas dentro de um intrincado mecanismo de aprendizagem, explica como é possível ser feliz de um jeito diferente daquele que a maioria das crianças enfrentam em seus cotidianos onde a criatividade não costuma ser valorizada. Veja, reflita e escreva para mim. Vou adorar ler e compartilhar aqui o que você pensa sobre esse assunto!