terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Superlotação: desafio para o ensino de ciências

Na contemporaneidade digital, nós professores podemos contar com inúmeros recursos - atividades, apresentações, vídeos... - disponíveis gratuitamente e muito bem organizados em sites de uso educacional aberto, como a plataforma Educopédia.

Navegando pelos materiais produzidos por meus colegas de área, como os do Ciência na Mão (USP) e tantos outros sites de ciências, tenho repensando o ensino de ciências como a oportunidade de aguçar a curiosidade e diminuir a distância entre a prática cientifica  e o quotidiano dos meus alunos.



Nesse início do ano, tenho listado nomes de colegas para promover a sempre instigante "visita de cientista" nas minhas turmas. Adoro observar nesses encontros o brilho no olhar dos meninos e dos cientistas: os primeiros, na descoberta de fatos inusitados de quem faz ciência, já os segundos, na viagem no tempo que eles fazem, quando ainda estavam no corpo de criança, sonhando com o dia em que seriam cientistas.

Além de despertar uma paixão, a mesma que me fez escolher esse caminho, quero que minha prática promova a reflexão sobre o papel social da ciência: como os ditos avanços científicos promovem o progresso e a qualidade de vida? Quero também que, através das minhas aulas, os adolescentes possam aguçar o senso crítico ao descobrir que a ciência pode sim transformar, mas nem sempre de forma sustentável.

Preciso aprender cada vez mais considerar as necessidades e potencialidades locais e planejar cuidadosamente, até para facilitar o meu trabalho. Afinal existe vida além da sala de aula: além de professora, sou mulher, mãe, amiga, atriz, contadora de histórias...




Na prefeitura, conto com os cadernos de ciências produzido pela SME. Na rede particular, conto com o material da Sangari. Ambos parecem ter sido elaborados por profissionais competentes que buscam despertar a curiosidade com leveza, promovendo o encantamento pela ciência. São suportes importantes para a aprendizagem significativa que todos nós queremos. Mas será que investir no material e na capacitação dos professores basta? 

Na prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, poucas escolas contam com um laboratório bem montado e menos ainda com um professor de laboratório que  possibilite dividir as turmas - cada vez mais lotadas. 

Então, tenho um dilema: as práticas que me encantam - por permitir que o aluno participe de fato com a construção do conhecimento - são inviáveis em turmas de 35 ou mais alunos. Na superlotação, se o professor de Ciências, Biologia e outros conseguirem dar uma aula expositiva, merece todo o respeito do mundo! 

Assim, a possibilidade de formar o "cientista do amanhã" ou de fazer "ciência hoje" nas escolas, parece mais utópica que nunca. 





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