sexta-feira, 9 de março de 2012

Parceiros da Maternidade

No mês em que comemoramos o dia da mulher e que tanto se fala sobre a "nova" mulher e suas conquistas, proponho pensar a mulher-mãe contemporânea:

Uma criança que nasce não pertence apenas à mãe. Ela também será filha do pai, além de um novo membro da família, um novo aluno para a escola, um morador que chega no bairro, um futuro cidadão que irá elegar os governantes... Mas nem sempre nos damos conta de como outras pessoas, além da mãe, podem ser decisivas na qualidade de vida dessa criança. O segredo da formação de pessoas de bem pode estar nas parcerias que se estabelecem com membros da família, vizinhos, empregados, patrões...

Pesquisas sugerem que a criança que é bem cuidada durante o  seu período primal, que começa na concepção e segue até o segundo ano de vida,  desenvolve melhor a capacidade de amar. Assim,  os comportamentos de risco podem ser evitados com gestos que não chegam a custar muito, mas são de extremo valor. Uma vez o meu marido me filmou chegando em casa e amamentando a nossa filha que na época tinha um pouco mais de um ano. Esse vídeo é lindo e foi feito porque eu queria fazer um documentário sobre aleitamento materno. Mas hoje percebo que a pessoa mais importante não aparece na filmagem. A cada vez que eu ia amamentar, Martinha, que na época trabalhava comigo, preparava cuidadosamente uma bandeja com frutas, água, bombinha para retirar o leite e o pote onde eu colocava esse leite que depois seria congelado para que eu pudesse trabalhar ou para doar ao Instituto Fernandes Figueira. Com esse cuidado, Martinha foi uma das responsáveis por eu ter conseguido amamentar minha filha até os dois anos de idade. Ela tomou para si a responsabilidade de colaborar para que eu repusesse o líquido, os sais minerais e as vitaminas que eu perdia enquanto alimentava o meu bebê. Esse valioso gesto também foi responsável por boa parte da energia que eu precisava para continuar estudando e trabalhando. Quantas mulheres podem contar com isso? Mesmo para aquelas que podem ter empregadas, nem sempre essas pessoas terão a sensibilidade que Martinha teve. Claro que ela não foi a única que me ajudou. Contei também com um marido participativo que levantava todas as noites para pegar nossa filha e trazer para eu amamentar, esperava até que estivesse na hora de arrotar,  segurava carinhosamente até que ela arrotasse e devolvia para o berço: sem reclamar! Quantas mulheres podem contar com um parceiro assim?


No passado, era muito comum que uma vizinha fosse lavar a roupa ou cuidar das crianças de alguém que estivesse de resguardo, ou quando se sabia que um casal estava com problemas financeiros, os amigos se uniam para garantir que não faltasse nada ao bebê. Era comum também evitar que a mulher sofresse preocupações ou recebesse notícias ruins no período em que estivesse amamentando. Os tempos mudaram e parece que os cuidados destinados à mãe não são mais os mesmos. Há quem questione inclusive a licença maternidade! Talvez essas mudanças e essa falta de sensibilidade explique os comportamentos de risco que nos assustam a cada vez que ligamos a TV.  Se a história de vida desses "monstros" pudesse ser mudada, as pessoas que conviviam com a mãe deles, desde grávida, teriam que ter uma atitude menos omissa.

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