segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Para as mães de primeira viagem, e para as outras também

as pessoas esperam que as mães sejam felizes, por isso ficam horrorizados quando se deparam com uma mãe deprimida, sem paciência com o bebê e com o marido. Ontem viajei ao lado de uma grávida linda e viemos conversando sobre gestação, amamentação e participação dos pais. Ela está serena, no sétimo mês e curiosa para saber como vai ser. O marido dela faz questão de ir em todas as consultas e exames e sonha em ser um pai de ouro.Se isso acontecer, o pequeno Miguel será muito feliz e o pai mais ainda.

Minha nova amiga me contou que acabou de fazer um book e eu lamentei por não ter feito o meu: nem sempre temos mais de uma chance para registrar esse período de espera do filho amado. Meu marido tem atuado como fotógrafo e eu adoro quando suas clientes são gestantes: elas ficam tão lindas!

Procurei encorajar minha amiga e prepará-la para as dificuldades da amamentação, dando três boas razões para superar o medo: a praticidade, a resistência às doenças e a construção do vínculo afetivo. Depois passei algumas dicas de como superar as primeiras semanas e resolvi partilhar isso aqui no blog mais uma vez. Nunca me canso! 



As grávidas devem relaxar sim, mas é bom que elas se preparem para os filhotes famintos que ganharão. Quando eu estava grávida, não entendia a dica do uso da bucha vegetal nos mamilos e usava-a com suavidade, mas a idéia da bucha é dar uma dura naquele tecido sensível e torná-lo mais resistente. Massagens com toalhas duras, banhos de sol e outras manogras de fortalecimento podem ser úteis. Gestantes: não tenham pena dos mamilos: seus filhotes não terão!

Embora minha amiga esteja com o parto agendado, deixei claro que considero a cesária inimiga da amamentação. Ela pode parecer mais fácil e menos dolorida, mas além de mais invasivo e arriscado, esse procedimento adianta o parto, mas não acelera a liberação do leite. Resultado: quando a criança nasce, o peito está cheio, mas o leite não sai. O bebê aprende a mamar com voracidade e cada mamada é uma tortura que provavelmente não preocupa os médicos cesaristas, mais interessados em suas agendas que no bem estar da futura mãe.

Especialistas afirmam que o bebê deve mamar em livre demanda, aliás eles dizem muitas coisas que na prática é complicado. Por exemplo, alguns desaconselham o uso da chupeta, quando ela tranquiliza os bebês e, consequentemente, as mães. Sem contar com a chupeta e tendo que ficar o dia todo na função de amamentar a qualquer hora, muitas mulheres se sentem escravas do bebê e esse sentimento é difícil de administrar. Eu optei por oferecer a chupeta e retirar o leite e congelá-lo adequadamente e pude ficar um pouco mais livre, mas tive o privilégio de contar com a ajuda de alguém para descongelar e oferecer esse leite em algumas ocasiões.

Se todas as mulheres, antes de engravidar, fossem orientadas e traçassem um plano de superação com seus companheiros e com a família, certamente teríamos menos depressão pós parto. Poder contar com um companheiro para levantar à noite quando o bebê chora, para trocar fraldas e tudo mais, sem que a mulher se sinta culpada por ele trabalhar no dia seguinte, é tudo de bom. O esforço desse pai construirá diariamente a relação pai e filho ou filha. No futuro os dois terão segurança plena para inclusive viajar juntos sozinhos e a mãe ficará tranquila porque ele saberá cuidar do filhote com competência e carinho. Não fomos educados para agir assim, por isso as mulheres ficam com receio de permitir que os pais carreguem o bebê, cuidem do banho... Podem acreditar mamães: se o banho não ficar tão bom como o que você daria, o bebê não vai morrer por causa disso e se você não reclamar tanto, seu companheiro ficará mais seguro e participativo. E se você não for tão afobada e esperar que o pai tome iniciativas, evitará que no futuro ele seja omisso.  Se, contudo, o pai não for de iniciativa, não hesite em solicitar a participação dele. Só assim seus filhos terão um pai fofo, presente e apaixonado.

Atendendo a pedidos, segue o monólogo "Amamentar não é tão simples"

Super Leitores

Incentivar a formação do hábito de leitura não é tarefa fácil. Ler para os filhos é um ato de entrega e paixão que exige disponibilidade para navegar, sem pressa, guiado pelo autor e pela imaginação. Comprar livros requer dinheiro e tempo para uma cuidadosa pequisa: tem muito lixo por aí!

Se você faz parte do grupo de pais que não foge da raia quando o assunto é desenvolvimento do seu filho, eis uma boa notícia. Um grupo de educadores selecionou obras consideradas referências de excelência e disponibilizou a lista por idade: uma obra por mês. Trata-se de 204 livros para serem lidos dos dois aos dezoito anos.

Mais uma dica: nada de sair correndo para comprar, apresente os títulos e autores para a bibliotecária da escola do seu filho e sonde se tais livros já existem no acervo ou podem ser adquiridos. Mas leve seu filhote nessa investigação, assim, você vai ensiná-lo a frequentar um dos lugares mais interessante da escola. Vai ser lindo transformá-lo em ratinho de biblioteca!
biblioteca basica [Dicas de Leitura] 204  livros para ler dos 2 aos  18 anos
Clique aqui para conhecer a lista onde clásicos da literatura universal de diversos gêneros estão pertinho de autores contemporâneos e talentosos. Boa leitura!
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Curso Grátis?

Viva! O pessoal do Instituto Artístico Brasileiro resolveu fazer uma gracinha para os meus leitores. Veja na lista abaixo como o IAB oferece excelentes cursos com preços ótimos. Em seguida escolha qual deles tem a sua cara e escreva um comentário que comece assim "O curso __________ tem a minha cara porque...

A melhor resposta gahará uma bolsa integral. Não perca!

Programação 2010.1 / Cursos Regulares: 

Especialização em Dublagem  
Através de dinâmicas de grupo e jogos teatrais, este curso irá  trabalhar a articulação, projeção e impostação de voz, aliadas à interpretação e ao exercício do sincronismo, para aprendizado, aperfeiçoamento e treinamento das técnicas de dublagem.  
Dias e Horários:  Domingos das 11 às 13h (adultos) e
                                                                14 às 16h (crianças)
                               Sábados das 17 às 19h      (adultos)
Duração: 4 meses      De: 07/03/10 Até: 04/07/10
Quórum máximo: 10 alunos     Investimento: R$ 240,00 por mês
 
Iniciação às Artes Cênicas - Teatro
 
Este curso proporciona ao aluno, entrar em contato com distintas abordagens da  Interpretação Teatral, conjugados com um intenso trabalho técnico de corpo e de voz. Seu diferencial é o enfoque numa percepção individual, explorando os potenciais e ampliando as limitações de cada um. Ao final de  cada módulo faremos apresentações abertas ao público.
 
Dias e Horários: Sábados das 14 às 17h   Duração: 10 meses 
De: 06/03/10 Até: 18/12/10  Quórum máximo: 10 alunos (adultos)   
Investimento: R$ 130,00 por mês  
 
Exercitando com os Mestres - Teatro
 
O curso tem como objetivo principal o mergulho no universo teatral de três dos principais pilares do teatro moderno e contemporâneo: Stanislavsky ,Brecht e Artaud. Cada um deles será estudado em seus desdobramentos práticos separadamente. Os últimos três meses serão dedicados à montagem de uma encenação, fruto dos  conteúdos assimilados, que será apresentada publicamente durante o último mês.
 
Dias e Horários: 4 feiras das 19 às 22h  Duração: 10 meses 
De: 10/03/10  Até:22/12/10   Quórum máximo: 10 alunos (adultos)    
Investimento: R$ 150,00 por mês      
 
Diálogos sobre a encenação (curso teórico) - Teatro
 
O principal objetivo é servir como um fórum de debates sobre o fenômeno teatral do nosso momento. Serão abordados diferentes aspectos da encenação  tendo como referencia alguns dos  principais  representantes da cena moderna e contemporânea, que  terão suas teorias e práticas  associadas a encenadores brasileiros cujos trabalhos são norteadores da cena nacional dentro e fora de nosso circuito cultural.
 
Dias e Horários: 3 feiras das 19 às 22h  Duração: 4 meses   
De: 08/03/10   Até: 05/07/10  Quórum máximo: 15 alunos (adultos) Investimento: R$ 130,00 por mês

Teatro para Crianças
 
Através de jogos teatrais, exercícios de expressão corporal e vocal, leituras de textos, improvisação e dramatização de temas de diferentes gêneros teatrais, este curso irá desenvolver, aprimorar e exercitar, de forma totalmente lúdica, o potencial dramatúrgico de cada criança. Aspectos como sociabilização, desinibição, capacidade de articulação e destreza, serão desenvolvidos com o objetivo de contribuir para a formação de adultos bem sucedidos, independente da profissão que venham a exercer.
 
Dias e Horários: Sábados das 10 às 12h  Duração: 8 meses     De: 14/03/10  Até:28/11/10
Férias em julho - Quórum máximo: 10 alunos   Investimento: R$ 130,00 por mês
 
Interpretação para TV
 
Com o objetivo de aliar a emoção do ator à técnica necessária para o trabalho em video,  o curso irá proporcionar o aprendizado e  a prática da relação com camera e luz, para melhorar o desempenho dos  alunos e prepará-los para testes de Publicidade e TV.
 
Dias e Horários: 2 feiras das 19 às 22h  Duração: 5 meses     De: 15/03/10  Até: 26/07/10
Quórum máximo: 10 alunos   Investimento: R$ 190,00 por mês


Improvisação Teatral e Musical
 
A proposta do curso é criar um espaço onde seja possível desenvolver e experimentar o método "Impro", com atores e não atores. O curso desenvolve um método para que aos poucos possamos desfazer as barreiras que adquirimos ao longo de nossa vida, e que nos impedem de correr riscos, de sermos nós mesmos no ato de criação. Ao final de seis meses, haverá uma apresentação pública.
 
Dias e Horários: 4 feiras das 18 às 20h e Domingos das 16 às 18h
Duração: 6 meses Quórum máximo: 12 alunos   Investimento: 190,00
 
 
Workshops:
 
Workshop Maquiagem Teatral
 
Serão abordadas técnicas específicas para a caracterização cênica e dentro deste universo o que pode e/ou deve ser utilizado na maquiagem do seu dia-a-dia. O Workshop é destinado a artistas ou pessoas interessadas em extrair o melhor de sua expressão sem causar danos à saúde da sua pele.                                              
Dias e Horários: De 01 a 04/03/10 das 19:30 às 21h  Duração: 6h/aula
Quórum Máximo: 15 alunos   Investimento: R$ 160,00 (à  vista)


Workshop de Técnicas Circenses - Malabares
 
Para atores e não atores, este Workshop visa desenvolver a rapidez de raciocínio, coordenação motora e destreza dos alunos, através de técnicas básicas, desafios e  do treinamento intensivo. Para os atores, é também uma extensão da profissão, que os tornará ainda mais versáteis.
 
Dias e Horários: Terças – feiras das 18 às 20h 
Duração: 8 h/aula    De: 09/03 Até: 30/03/10   
Quórum Máximo: 12 alunos   Investimento: R$ 130,00

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Seres Bio-Interessantes

nem adianta procurar: não há uma substância, um objeto ou uma força especial que possam ser identificados à vida, mas os seres vivos possuem certas características típicas e é sobre ela que iremos nos debruçar hoje. O texto a seguir é bastante resumido, mas os links te conduzirão à novos textos e apresentações de PowerPoint. Receba-os como um convite à novas descobertas.

Na composição química dos seres vivos existem elementos químicos que sempre aparecem, como carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio. O fósforo e o enxofre aparecem discretamente, mas também estão presentes nas substâncias orgânicas. Esses elementos se ligam em belíssimas e complexas estruturas para formar proteínas, ácidos nucléicos, lipídios e glicídios.

O mais marcante nos seres vivos é sem dúvida a complexidade. Uma única célula, por exemplo, é dividida em compartimentos dentro dos quais ocorrem reações químicas onde as moléculas são quebradas ou construídas e esse fenômeno recebe o pomposo nome de metabolismo. Chique, não? Mas pra esse chiquê os seres vivos pagam alto preço na forma de moedas energéticas. O fornecedor dessas moedas são os nutrientes. Sem energia e sem matéria prima para substituir os componentes celulares, os seres vivos dançam, ou melhor, morrem.

O vídeo abaixo ilustra a dança das moléculas em um dos eventos químicos que ocorrem na célula: o Ciclo de Krebs. Não se preocupe em entender todo o processo, apenas perceba como os reagentes químicos estão re-combinando:




Espera-se que os seres vivos reajam: os animais fogem dos predadores, as plantas costumam se posicionar a favor da luz, alguns seres microscópios reagem aos estímulos, mas existem seres microscópicos que não reagem - eles preferem ser transportados passivamente pela água, pelo ar ou por outros seres vivos. E você: reage ou se deixa levar?

Os vírus são mesmo do contra: não são formados por células e não crescem. Por isso, alguns biólogos não admitem que um vírus é um ser vivo.

Os vírus nem se quer têm autonomia reprodutiva, mas como possuem DNA ou RNA são considerados seres vivos sim, por muitos biólogos. Afinal, eles conseguem transmitir aos descendentes o código genético. Com ele, as novas gerações expressam as características típicas da espécie. Essa capacidade é a hereditariedade e os estudiosos, geneticistas, ficam atentos às variações que ocorrem ao longo do material genético. Eles sabem que da variabilidade genética resultam indivíduos ligeiramente diferentes, inclusive aqueles que possuem maior chance de sobreviver e de reproduzir. Assim, os mais aptos poderão ser selecionados pela natureza.
 Charles Darwin chamou essa capacidade de ADAPTAÇÃO e nos ensinou que ela permite que os seres vivos se ajustem melhor no ambiente. E você, será selecionado no vestibular? Se continuar estudando a vida com afinco, certamente sim!



Fonte: Fundamentos da Biologia Moderna, Amabis e Martho - Ed. Moderna

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Promoção do Dia


Os dois primeiros leitores do blog que comentarem sobre o espetáculo "Comédia no Ventilador" do ator Miguel Nader (TV Globo), com nome completo e email, terão ingresso gratuito!
Isso mesmo,basta comentar que encaminharei à produtora o seu e-mail e ela deixará o seu ingresso na bilheteria do teatro




                       2b Produções apresenta
"COMÉDIA NO VENTILADOR"




O Espetáculo “COMÉDIA NO VENTILADOR" reestreia no Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping. Com os atores Miguel Nader (Rede Globo - Zorra Total,Turma do Didi, Cobras e Lagartos e Guerra e Paz), Paulo Fernando e Raphael Carvalho e Direção de Miguel Nader. Um texto bastante descontraído, pitoresco e hilariante, onde os atores falam sobre gordura, mulheres, manias, humor politico, fazem paródias, esquetes, contam histórias, enfim, de tudo um pouco, um standy-up comedy!
Uma comedia divertidíssima! Uma sensacional farra de atores, cujo resultado não poderia ser outro: um festival de gargalhadas na plateia!

CURTA TEMPORADA

Local: Teatro Miguel Falabela
End: Av. Dom Helder Camara, 5332 - 2º Piso NorteShopping
Bairro: Cachambi
Tel: 2595 8245

Datas: 02 E 03 / 09 E 10 / 23 E 24 de fevereiro.
            Ás terças e quartas
Horário: 18:00 h
Duração: 80 minutos

Classificação etária: 14 anos

Ingresso: R$ 20.00 (inteira)

2b Produções tambem produz o espetaculo: "As incriveis aventuras da Turma do O Oco do Toco" - Teatro dos Quatro - Shopping da Gavea


Carnaval na Lapa

Não é fácil escrever no Carnaval e muito menos sobre o Carnaval, mas os últimos dias tem sido tão saborosos que resolvi contar aqui um pouco do que vi pela Lapa nesses dias de folia. Eu e meu marido resolvemos que não iríamos viajar para curtir um pouco o bairro onde escolhemos para viver. Nas ruas, encontramos blocos de todos os tamanhos e tipos. Desde o rico Carioca da Gema com seu poderoso trio elétrico e muitos músicos talentosos se revezando para revivermos com qualidade os sucessos de Noel Rosa, até o "Sem Noção" com as caixas puxadas por um carro velho, passando pela Banda dos Inválidos, os Boêmios da Lapa, os Embaixadores da Folia e tantos outros. Diferenças estruturais a parte, o carnaval de rua atrai um público alegre com fantasias coloridíssimas, engraçadas ou lindas. A maioria das mulheres traziam no cabelo flores exuberantes e alguns homens também. Figuras urbanas traduziam o humor típico dos cariocas, como um sujeito travestido de mulher que tentava organizar o trânsito dos pedestres carregando uma placa que dizia "barangas pela direita" e do outro lado da placa "mocréias pela esquerda". Além das performances dos transeuntes, assistimos o show do Chororô no palco montado nos Arcos: um espetáculo de chorinho prá ninguém botar defeito. Parece que nesse palco também teve show de samba, mas não tivemos pique para tanto.

Para a minha filha de quatro anos, as pessoas que desfilavam nos blocos eram no mínimo incríveis. Ela encantou e se deixou encantar com as mulheres maravilhas e super-homens que encontrava - conversava com eles e com as vacas, bois, ratos, elefantes e demais pessoas-bichos que dançavam ao som das músicas carnavalescas.

A Lapa é mesmo incrível, mas poderia ser melhor não fosse o cheiro de ralo dos muitos lugares que acumulam lixo e esgoto; os buracos das ruas que as pessoas precisavam se desviar enquanto seguiam os blocos e pelos trombadinhas que roubavam na maior cara dura: minha irmã foi assaltada na porta do meu condomínio! KD a prefeitura? Se a arrecadação aumentou com o turismo promovido pelo carnaval, espero que sobrem recursos para sanear o bairro e melhorar os asfaltos. Se a secretaria de urbanismo ficar nessa de choque de ordem e deixar que os moradores e turistas levarem essa imagem podre do nosso bairro, nos próximos carnavais teremos que ensaiar uma marchinha especial para eles:

me dá, me dá, me dá: me dá o dinheiro aí

Afinal, o nosso dinheiro não é adubo para os cofres públicos.
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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Poesia para dar sentido

Saber Viver (Cora Coralina)
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O uso de filmes para incrementar as aulas de biologia

hoje fui convidada para falar sobre a minha dissertação de mestrado intitulada “A Ciência e o cientista através da janela mágica – estudo de caso com o filme Sonhos Tropicais”  e aproveitei para escrever sobre essa experiência. Uma das principais motivações dessa pesquisa é que para mim, o cinema é o entre-lugar de trabalho, da diversão e do aprendizado: como professora de  biologia, procuro levar os meus alunos para curtir e pensar o cinema. Essa prática me aproximou de pessoas que fazem, exibem ou pesquisam cinema. Em Belo Horizonte e no Rio atuei como assessora pedagógica de projetos que levam alunos ao cinema e observei que não é comum que os meus colegas professores de ciência e biologia levem seus alunos uma sala de cinema, como acontece regularmente com profissionais que atuam no ensino de história, literatura e outras áreas. Talvez um dia esse problema seja melhor investigado e, oxalá no futururo ocorra a inclusão de uma disciplina ligada ao cinema , ou ciência e arte, nos cursos de formação dos professores de biologia. Afinal, existe uma gama de opções de filmes que representam a ciência e o cientista - um dos anexos da minha dissertação traz uma coletânea com imagens e informações de 78 filmes que apresentam esse enfoque. Quem quiser pode solicitar por e-mail e eu envio essa coletânea, porque ela foi construída para que outros educadores se interessem em analisar alguns desses filmes com seus alunos. Posso também publicar o relato dessas experiências aqui no blog.
 
Minha  pesquisa foi realizada no Instituto Oswaldo Cruz com a orientação da Dra. Luisa Massarani.  
Nesse trabalho sugerimos o uso de filmes para tornar a aprendizagem de biologia ainda mais instigante. A princípio pensávamos em promover sessões  e análise de cinco filmes dirigidos por cineastas brasileiros que representam a ciência ou o cientista: "Houve uma vez dois verões", "Diários de Motocicleta", "Bufo & Spallanzani"  e "Narradores de Javé" , mas quando nos deparamos com a quantidade de questões presentes no filme "Sonhos Tropicais", resolvemos concentrar as forças na análise dessa obra.
 
O filme "Sonhos Tropicais" lançado em 2002 é dirigido pelo  cineasta André Sturm. Vale ressaltar que a escolha de um filme brasileiro foi proposital para que, a partir da nossa realidade refletida na tela, pudéssemos estimular o interesse dos jovens pelos filmes brasileiros e discutir a ciência que é produzida no Brasil. "Sonhos Tropicais" traz questões  atuais como a crise na saúde pública e a exploração sexual de mulheres, retratando um momento de intensa crise na saúde do Rio de Janeiro no início do século XIX. Nesse período, a cidade era conhecida como “Túmulo dos Estrangeiros” porque os navios estrangeiros evitavam atracar no Brasil pelo medo das chamadas “doenças tropicais”. É claro que essa situação comprometia a economia do país, que nesta época estava concentrada na produção e exportação do café. Para enfrentar o problema, o então presidente, Rodrigues Alves, convidou o cientista Oswaldo Cruz para combater as principais epidemias que afastavam os investidores estrangeiros: febre amarela, peste bubônica e varíola. Ao mesmo tempo, o governo promovia uma intensa reforma arquitetônica. Assim, os cortiços passam a dar lugar aos palácios e avenidas, como resultado, boa parte da população foi violentamente desabrigada. Essa população insatisfeita se uniu aos opositores do governo Rodrigues Alves para contestar suas ações, inclusive as medidas de saneamento propostas por Oswaldo Cruz. O auge da crise é a proposta da vacinação obrigatória que resultará na “Revolta da Vacina”. 
 
Apesar da relevância histórica e científica desse episódio, ele ainda é pouco estudado nas aulas de biologia do ensino médio, mas a lição que ele traz é fundamental: a importância do envolvimento da população nas ações de saúde. Outro assunto que lamentavelmente ganha pouco espaço no ensino de biologia é a história dos cientistas brasileiros. Por isso, concluímos que a exibição desse filme seria oportuna para trazer essas discussões.  
Além de representar a Revolta da Vacina, o filme narra o drama das polacas, jovens judias de origem polonesa, trazidas para o Brasil com uma falsa promessa de casamento que acabam exploradas nos bordeis. Por isso o filme pode ser oportuno para os educadores que consideram as aulas de biologia um espaço para refletir e combater ações que violam os direitos humanos como a exploração sexual de mulheres e crianças, tão comum na nossa contemporaneidade.

Para saber como os jovens reagiriam às densas questões tratadas no filme, contamos com dois grupos colaboradores. O primeiro grupo era formado por jovens que atuam como monitores no Museu da Vida. Eles vivem em situação de risco social e moram nas adjacências da Fundação Oswaldo Cruz. O segundo grupo foi formado por alunos de uma escola privada: a escola Parque-Barra. Embora em situações sociais opostas, esses jovens tinham em comum o fato de cursar ou já haver cursado o ensino médio. Nossos colaboradores assistiram ao filme, participaram de um grupo focal, onde foram estimulados a discutir os temas tratados no filme, de acordo com o interesse de cada grupo. Por exemplo, o grupo do Museu da Vida revelou intensa identificação com a situação de pobreza da população que se rebelava contra a vacina e com a precariedade dos serviços públicos oferecidos a essa população. Já o grupo da Escola-Parque mostrou-se mais sensibilizado com o drama das polacas. Para que pudessem se expressar individualmente, cada jovem preencheu um questionário. Além disso, realizamos um júri simulado a fim de que cada grupo vivenciasse uma imersão na história e avaliassem a responsabilidade dos cientistas em uma crise de saúde pública. Toda essa participação foi gravada posteriormente transcrita na íntegra.  
Analisamos o conteúdo desse material usando métodos qualitativos e exploratórios, por isso, os resultados obtidos com esses grupos de jovens não podem ser generalizados para a totalidade dos jovens brasileiros, mas esse estudo permite apontar tendências sobre o uso do filme “Sonhos Tropicais” entre jovens. Nossos resultados mostram que o filme promoveu uma discussão calorosa de temas como a história da ciência brasileira, em especial a vida e a obra de Oswaldo Cruz e a Revolta da Vacina e permitiu uma reflexão sobre o problema da exploração sexual no Brasil e no exterior. De acordo com o relato dos jovens, a participação na pesquisa favoreceu a apropriação de conhecimentos apresentados no filme e nas literaturas que disponibilizamos nos encontros que promovemos com os grupos.
Além do trabalho desenvolvido com esses jovens, a pesquisa me aproximou dos autores  do livro e do filme "Sonhos Tropicais", de pesquisadores que atuam com cinema e educação, de exibidores que promovem sessões para escolas e de professores que usam a sala de cinema como espaço de aprendizagem. O trabalho traz na íntegra as entrevistas que realizamos com o escritor Moacyr Scliar, que é autor da obra original, com André Sturm, o diretor do filme Sonhos Tropicais, com Rosália Duarte que é pesquisadora da PUC e autora do livro “Cinema e educação” e com Felicia Krumholz, então coordenadora do projeto Cine-Escola do Grupo estação. Tais entrevistas permitiram o mapeamento das motivações que levaram à criação da história e à adaptação do romance para as telas de cinema. Também permitiram que discutíssemos estratégias de ensino através da sétima arte, tanto no ensino formal como no não formal. De certo modo, partimos da gênese da narrativa “Sonhos Tropicais”, percorremos o seu trânsito do texto para a tela e observamos a percepção e a aprendizagem a partir dessa obra. 
O compartilhamento dos resultados do meu trabalho depende de espaços de divulgação e como esses espaços são restritos uso o blog para fazer um apelo aos coordenadores dos cursos que formam professores de ciências e biologia para que ofereçam aos futuros educadores a qualificação necessária para explorar a ciência e o cientista no cinema e em outros recursos que possam ampliar o interesse dos jovens pela ciência. Afinal, o cinema encanta e desperta o interesse dos jovens. Por isso, sempre que for possível apresentar a ciência e o cientista através da janela mágica, a aprendizagem será ainda mais significativa e prazerosa. 

O poder público poderia dar uma forcinha ao investir os recursos públicos destinados ao cinema de forma equitativa  nas áreas de pesquisa, produção e educação Mas infelizmente, muito pouco dos recursos destinados a esse setor são direcionados para o trabalho de formação de público.  Em função disso, não há uma política de formação de espectadores críticos. Se essa pesquisa, de algum modo, colaborasse para mudar essa realidade, seria fabuloso.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Peitos abençoados

Durante o passeio na Jardineira de Tiradentes, passamos pelo Largo do Ó e paramos no "Ó Barroco, um belíssimo espaço que expõe e vende obras do Barroco contemporâneo, além de servir como centro de visitação e pesquisa. Foi ali que descobri que "Ó" era a reação que os fiéis costumavam ter ao observar a santa Maria grávida. Ali também descobri que havia outra imagem que trazia ainda mais inquietação: a de Maria amamentando. Como esse tema é caríssimo para mim, pedi para descer e conhecer a representação, mas a Jardineira precisava partir e eu teria que esperar até o dia seguinte. 


Ao voltar ao "Ó Barroco", conheci a simpática Roseli Santaella Stella, historiadora e curadora do espaço que apresenta belíssimas peças em cedro rosa, do escultor Hélio Petrus. Roseli me contou que no passado recebeu representações da santa do leite, mas naquele dia não havia nenhum exemplar no espaço. Isso não impediu que ela me ensinasse várias coisas sobre a Maria que amamenta e sobre o Barroco.
Roseli lembrou que o Barroco foi uma estratégia proposta pela igreja católica a fim de recuperar os fiéis perdidos na reforma protestante. Ela mostrou alguns elementos, como o movimento das roupas, a expressão de êxtase profundo nos santos e nas virgens - indícios de que os artistas tiveram grande liberdade de expressão. Mas nem todas as propostas dos artistas barrocos foram facilmente aceitas: para os valores da época, uma mulher, considerada santa, oferecendo o peito para uma criança era um escândalo!



























 
Com paciência, Roseli foi me contando sobre a Nossa Senhora do Leite e pela internet me apresentou algumas obras, como a Madona Litta de Leonardo da Vinci, exposta no Museu de Leningrado.


Descobri que uma gruta em Belém guarda uma das imagens mais antigas da santa e que as pessoas costumam raspar as pedras dessa gruta e misturar ao leite porque acreditam que tais pedras são poderosas. Ela me falou também de uma Nossa Senhora do Leite em Salvador. No blog Caminhos Trilhado de Camila Marinho encontrei essa santa:

Nesse blog descobri que durante a inquisição a devoção por essa santa foi proibida. Será que é porque ela representa rebeldia: uma mulher que não teme se mostrar? Quando olho para ela, penso que nada a pode deter naquele momento glorioso!
O que mais chama atenção nessas iconografias é o semblante de gozo de Maria. Considerando que o hormônio promotor da liberação do leite é o mesmo hormônio liberado quando fazemos amor, a ocitocina, a reação de Maria é realista. Talvez por isso incomode tanto, inclusive as mulheres que não aceitam com naturalidade sentir prazer enquanto amamentam. Como se esse orgasmo fosse pecado, ilegal ou imoral.


Ao chegar em casa, fui procurar outras representações e encontrei coisas muito legais, como essa gravura de Ronaldo Mendes:

Essa imagem me faz pensar nas mulheres comuns que amamentas. Ela é quase uma santa e encara uma luta diária para seguir oferecendo o abençoado alimento ao seu, ou seus, anjos.

Graças à ela, a família economiza  e recebe um novo membro mais saudável, emocionalmente inclusive. Por isso, ela merece reverência e apoio.

Coleção de sites úteis

    01. Quando for comprar qualquer coisa não deixe de consultar o site Gastarpouco.
    www.gastarpouco.com

     02. Serviço dos cartórios de todo o Brasil, que permite solicitar documentos via internet:
     www.cartorio24horas.com.br/index.php

     03. Site de procura e reserva de hotéis em todo o Brasil,por cidade, por faixa de preços, reservas etc.:
     www.hotelinsite.com.br

     04. Site que permite encontrar o transporte terrestre entre duas cidades, a transportadora, preços e horários:
https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_duas_localidades.asp'

     05. Encontre a Legislação Federal e Estadual por assunto ou por número, além de súmulas dos STF, STJ e TST:
     www.soleis.adv.br

     06. Tenha a telinha do aeroporto de sua cidade em sua casa,chegadas e  partidas:
www.infraero.gov.br/pls/sivnet/voo_top3v.inip_cd_aeroporto_ini= 
      07. Encontre a melhor operadora para utilizar em suas chamadas telefônicas:
http://sistemas.anatel.gov.br/sipt/Atualizacao/Importanteaspp'

     08. Encontre a melhor rota entre dois locais em uma mesma cidade ou entre duas cidades, sua distância, além de localizar  a rua de sua cidade:
     www.mapafacil.com.br

     09. Encontre o mapa da rua das cidades, além de localizar cidades:
     http://mapas.terra.com.br/Callejero/home.asp

     10 Confira as condições das estradas do Brasil, além da distância entre as cidades:
     www.dnit.gov.br

     11. Caso tenha seu veiculo furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia, informe neste site o furto.O comunicado às viaturas da DPRF é imediato:
     www..dprf.gov.br/ver.cfmlink==form_alerta

     12. Tenha o catálogo telefônico do Brasil inteiro em sua casa. Procure o telefone daquele amigo que estudou contigo no colégio:
     www.102web.com.br

     13. Confira os melhores cruzeiros,datas, duração,preços,  roteiros, etc.:
     www.bestpricecruises.com/default.asp

     14.. Vacina anti-câncer (pele e rins). OBS: ESTA VACINA DEVE SER SOLICITADA PELO MÉDICO ONCOLOGISTA:
     www.vacinacontraocancer.com.br/hybricell/home.html

     15. Indexador de imagens do Google - captura tudo que é foto e filme de dentro de seu computador e os agrupa, como você desejar:
     www.picasa.com

     16. Semelhante ao Internet Explorer , porem muito mais rápido e eficiente, e lhe permite adicionar os botões que desejar, ou seja, manipulado como você o desejar:

     www.mozilla.org.br/firefox

     17. Site de procura, semelhante ao GOOGLE:
     www.gurunet.com

     18. Site que lhe dá as horas em qualquer lugar do mundo:
     www.timeticker.com/main.htm

     19. Site que lhe permite fazer pesquisas dentro de livros:

     www.a9.com

     20. Site que lhe diz tudo do Brasil desde o descobrimento por Cabral:
     www.historiadobrasil.com.br

     21. Site que o ajuda a conjugar verbos em 102 Idiomas:
     www.verbix.com

     22. Site de conversão de Unidades:
     www.webcalc.com.br/conversões/area.html

     23. Site para envio de e-mails pesados, acima de 50Mb:

     www.dropload.com

     24. Site para envio de e-mails pesados, sem limite de capacidade:
     www.sendthisfile.com

     25. Site que calcula qualquer correção desde 1940 até hoje, informando todos os índices disponíveis no mercado financeiro.. Grátis para Pessoa Física:
     www.debit.com.br

     26. Site que lhe permite falar e ver pela internet com outros computadores,ou LHE PERMITE FALAR DE SEU COMPUTADOR COM TELEFONES FIXOS E CELULARES EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO GRÁTIS - De computador para computador, voz + imagem. De computador para telefone fixo ou celular:

     www.skype.com

     27. Site que lhe permite ler jornais e revistas de todo o mundo.
     www.indkx.com/index.htm

 
     28  .. Site de câmaras virtuais, funcionando 24 hs por dia ao redor do mundo:

     www.earthcam.com

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Relato da Oficina de Eduardo Aguilar

Como prometido, eis o relato do que aprendi na oficina de Assistência de Direção e Continuidade que Eduardo Aguilar ministrou na Mostra de Tiradentes. Primeiro Aguilar apontou vantagens e desvantagens da tecnologia digital sob o uso de película e a principal razão para a projeção em película ainda predominar nas salas de cinema: o alto custo para adaptar as salas de exibição. A substituição dos projetores tradicionais por projetores que usam tecnologia digital é de cerca de 200 mil dólares por sala. Com isso, que quem faz cinema digital poupa ao filmar, mas gasta mais ao exibir: para converter do digital para a película, o custo médio é 3 mil reais a cópia.  Embora alguns diretores prefiram trabalhar com película e outros defendam o digital,  não é a forma de captação que determina a qualidade de um filme e sim as idéias usadas na construção do mesmo.  Além do custo da conversão, o cinema digital tem outras limitações como a dificuldade de reproduzir profundidade de campo e o contraste de luz, mas quem defende o digital aponta inconvenientes na película como o alto custo e o peso dos rolos e dos equipamentos. Além disso, o digital já está revelado enquanto a película depende do trabalho do laboratório. No Brasil, os laboratórios não costumam se responsabilizar por desastrosas falhas na revelação. A quantidade de película disponível depende do orçamento. No Brasil, filmes de alto orçamento costumam usar a proporção 7:1 – sete minutos de película para cada minuto de filmagem. 
Como a assistência costuma ser um estágio para o futuro diretor, Aguilar procurou nos trazer uma visão ampla sobre as filmagens. Ele, que dirigiu curtas-metragens como Lourdes - Um Conto Gótico de TerrorDias CinzentosJogosClaustroOs Últimos Dias do Papai Noel, entre outros, nos contou várias situações vividas como assistente e continuista. Ao partilhar seus erros e acertos ele destacou que esses profissionais têm papel importante no planejamento e na busca de meios, econômicos inclusive, para viabilizar o filme.  
Aguilar considera que o assistente é uma espécie de pára-raios e deve ter como meta evitar o stress no set e promover o entrosamento entre as equipes de fotografia, maquiagem, atores. Mas ele reconhece que nem sempre é fácil administrar os egos na equipe. Os profissionais de fotografia, por exemplo, tendem a querer apresentar a beleza, mas nem sempre é disso que o filme trata. Essa ênfase na estetização, inclusive da miséria, produz filmes que deveriam incomodar mas que na verdade enchem os olhos.  
Para que a concepção fique clara e para evitar desgastes na hora da filmagem, Aguilar sugere reuniões com os cabeças das equipes para planejar os detalhes, antes que a filmagem comece. As idéias dessas reuniões podem diminuir o custo de produção ou acelerar as filmagens, mas é preciso não abrir mão do conceito do filme. Embora as idéias sejam bem-vindas, Aguilar considera que a hierarquia tem que ser respeitada porque uma sugestão pode contrariar a proposta do autor do filme. Ele lembrou que cada ator e membros das demais equipes têm uma espécie “mola” certa: uns trabalham melhor sob pressão enquanto outros não resistem ser pressionados. Cabe aos diretores e assistentes perceber o quanto podem “puxar” para extrair o melhor de cada um. Uma  boa direção é aquela que oferece orientação clara aos  profissionais para que consigam atuar de acordo com a proposta central do filme.  
Aguilar considera que bons atores fazem toda a diferença no filme. Por isso, ele não aconselha  economias como convidar amigos para atuar: bons atores atraem a atenção dos espectadores e poupa o trabalho de continuidade e da direção.  
Durante a oficina recebemos algumas fichas para que aprendêssemos fazer uma análise técnica de um roteiro. Essa prática permitiu estudar o roteiro e identificar os elementos que ligam uma cena à outra. Embora trabalhoso, o registro detalhado da cena que os continuístas e assistentes elaboram facilita o trabalho do diretor e do editor e evita os incômodos erros de continuidade dramático. Além de detalhista e organizado, o continuísta deve ter habilidade em recuperar as informações registradas. Certos objetos de cena como copo com líquido, relógio, cigarro, viram um dilema: um erro de continuidade pode incomodar o espectador a ponto de estragar o filme. Por isso a equipe precisa estar atenta para não sobrecarregar o continuista.  A claquete, por exemplo, pode ser delegada às equipes de câmera. Mas esse combinado deve ocorrer antes do início da filmagem para evitar melindres.  
Trabalhar com uma única câmera não é sinônimo de produção pobre e que esse é um meio usado por diversos diretores para garantir um trabalho autoral. O plano de cobertura, ou plano do cachorro, foi citado como recurso para corrigir falhas na continuidade da cena.  
Aguilar apontou as diferenças entre os roteiros técnico e literário. O roteiro técnico apresenta uma descrição técnica de tudo o que acontece na cena. Já o roteiro literário enfatiza a dramaturgia: a divisão é feita pelo ambiente da filmagem. Embora a sequência e a cena sejam elementos distintos, no roteiro literário, usa-se falar de sequencia como sinônimo de cena. Assim, a mudança de lugar é considerada outra cena ou sequencia. Essa definição do espaço visa facilitar o trabalho da produção para viabilizar a estrutura necessária como objetos de cenas, cenário, autorização de filmagem. Já a definição “dia ou noite” que aparece antes de cada cena facilita o trabalho do fotógrafo. Como cada página do roteiro costuma equivaler a um minuto de filme, pelo número de páginas é possível prever a duração do filme. 
O diretor não costuma  filmar a história na mesma ordem do roteiro. Ele pode agrupar, por exemplo, as cenas noturnas e as cenas que dependem da luz do dia. Por isso, o roteiro deve ser lido cuidadosamente e é preciso preencher um relatório de análise técnica para cada cena, ou cada ambiente. Isso facilita a logística e permite prever quantas cenas existem em determinado ambiente, quantos dias de filmagem serão necessários, quantas trocas de luz serão realizadas, quanto tempo  será necessário para a maquiagem... Esse planejamento diminui o fator stress, poupa recursos e tempo.  
No Brasil o lançamento do filme não é prioritário e isso é um problema porque muitas produções não chegam ao público. Isso fragiliza a credibilidade do investidor e diminui ainda mais a captação de recursos. Embora caiba ao assistente buscar o diálogo com a equipe de produção, ele não deve perder de vista que ele é assistente do diretor e, na medida do possível, convencer sobre a importância de investir no filme.  A obsessão de economizar pode comprometer a qualidade do filme e aumentar as despesas. Por exemplo, no Brasil, não é comum usar substitutos de atores para o planejamento das cenas. Mas o uso de perfis com a mesma cor de pele e estatura poderia facilitar o trabalho da fotografia e de outras equipes. Resultado: mais despesas com diárias de atores e técnicos. O alto custo da produção acaba interferindo na criação e promovendo cortes na diárias de atores e equipamento. A receptividade do público é outro elemento que pode cercear a criatividade.
Alguns filmes podem se pagar ao longo do tempo – Apocalipse Now é um exemplo disso. Outros filmes agradam o público e são artisticamente reconhecidos, como O Poderoso Chefão. Esse ideal nem sempre é possível, mas fazer cinema é mais que uma busca pelo ideal: 

Do meu lado, quando penso em arte, me vem sempre a possibilidade de poder inquietar o outro e conseqüentemente, incitá-lo à transformação; não sob uma ótica arrogante, de quem se acha o dono da verdade, mas na expectativa da troca. Se existe a capacidade de admitir uma nova hipótese de leitura a respeito de determinado assunto/conceito, permitindo-se ‘colocar em crise’ a verdade sobre este ou aquele tema, a arte se justifica.


Eduardo Aguilar

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Uma enfermeira amiga do peito

A experiência de ser mãe me fez compreender porque amamentar é um ato de amor.  Posso garantir que, com o tempo, o prazer é maior do que qualquer desconforto, mas no início, enfrentei uma barra. Quando saí da maternidade, o leite era produzido em excesso, mas não saia do peito que ficava cada vez mais doloridos, pesados e duros. Na primeira semana, eu e o meu marido chorávamos junto com a nossa pequena Luisa porque sabíamos o quanto ela precisava do meu leite, mas a dor era intensa e a tentação de recorrer aos produtos industriais era cada vez maior.  Naquela fase, minha pequena garotinha desenvolveu uma força enorme para sugar.

Para minha sorte, contamos com o apoio de uma profissional sensível e carinhosa - minha amiga do peito e enfermeira Regina Celia Esteves Pereira de Araujo.  Ela nos orientou e nos encaminhou a um banco de leite da maternidade  Unidade Integrada de Saúde Herculano Pinheiro. Nesta instituição fui ordenhada pela primeira vez.  Descobri que outras mulheres, ainda mais guerreiras, estavam lutando para salvar a vida de seus filhos prematuros.  Me fortaleci com as duras histórias que ouvi ali.  Aprendi que quanto maior fosse a minha coragem para me tocar, menos dolorido o meu peito ficaria.  Superado o problema das "pedras" no peito, ainda seria necessário resistir a força da sucção e a fome gigante da nossa pitita. Mesmo depois de mamar por muito tempo (as vezes horas seguidas) ela continuava chorando e batendo a cabeça - como um pequeno pica-pau - procurando o peito.

Ao completar um mês de amamentação exclusiva, percebi que o bico do meu mamilo estava se deformando e continuava extremamente dolorido. Por isso, resolvi oferecer o leite materno via chuca.  Nós já havíamos cedido à chupeta como um recurso de acalmar a nossa ferinha faminta e agora iríamos dar um passo que poderia fazê-la rejeitar de vez o peito.  Para a nossa alegria, Luisa ficou mais calma após as mamadas de reforço que eram dadas só com leite materno e apenas se o peito estivesse muito dolorido.  A primeira visita ao pediatra, Dr. Flávio Monteiro, após a introdução da mamadeira, encaramos broncas seguidas de elogios. Naquele momento, a balança falou mais alto do que o discurso pronto sobre os riscos da mamadeira: apesar de não ser natural, ela colaborou para aliviar um pouco as dores e recuperar o peso da Luisa. 

No terceiro trimestre, já bastante aliviada e usando cada vez menos a mamadeira, uma amiga me incentivou a doar parte do meu leite.  Como Luisa não dava conta de toda a produção, resolvi me inscrever no programa do banco de leite humano do Instituto Fernandes Figueira.  Poucas experiências fizeram tão bem à minha auto-estima quanto o ato de extrair do meu peito algo que poderia salvar seres ainda mais frágeis do que a minha pequena filhinha. Era estimulante para as minhas glândulas mamárias pensar nas crianças prematuras se fortalecendo com o meu leite. Além do exercício de solidariedade, aprender a extrair o leite foi importante para manter a amamentação exclusiva da Luisa mesmo ao retornar às minhas atividades após o término da licença maternidade. Nos primeiros seis meses só oferecemos leite materno e tenho certeza que  essa escolha foi decisiva para garantir um desenvolvimento saudável e tranqüilo à minha filha .  Recebemos muitas críticas de pessoas que acreditavam que a orientação da amamentação exclusiva se aplica apenas para crianças carentes.  O mesmo argumento era usado quando eu dizia que  a minha filha permaneceu mamando até os dois anos.   

Adoraria colaborar para que mais pessoas vivenciem essa experiência, que para mim, apesar de difícil, foi transformadora.  Acredito que quanto mais mães conseguirem amamentar seus filhos, melhor para a sociedade.  Afinal, teremos uma geração mais saudável, emocionalmente inclusive. Essa colaboração pode ser através do voto naqueles que trabalham pela implementação de leis que ampliam a licença maternidade ou que oferecem tratamento humanizado às gestantes e lactantes. Eu e meu marido estamos produzindo um documentário para dividir com outras pessoas as sugestões que recebemos e que nos garantiram o nosso sucesso como mamíferos. A nossa última viagem para Tiradentes nos trouxe contribuições valiosas que em breve serão divididas aqui. O documentário será uma produção independente que pode ser enriquecida com as sugestões dos leitores do blog.  Se você passou por essa experiência, escreva-nos contando os desafios que enfrentou na vida lactante e se e como ganhou resistência para seguir amamentando.