sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mudanças!



por Luis Santos



“A única coisa constante no mundo é a mudança.” A bela frase, candidata séria a principio básico do milênio, me foi cantada, anos atrás, como sendo de doutrina budista.

Seguir ao pé da letra frases de efeito é um mal do século. Adoramos e idolatramos frases curtas e profundas. Tentamos também aplicá-las às nossas vidas e encontrar paralelos em situações cotidianas, onde as mesmas se encaixem com uma luva, provando-se certas.

Não há contradição entre este princípio e a ideia de que nem sempre o novo é melhor que o antigo? Xi, dois princípios belos, chiques e contraditórios? E agora, José?

A notícia abaixo, do Jornal o Globo, chega a causar indiginação? Não, se vemos as coisas pelo lado budista. Assim nos resignamos devido à força inexorável que tudo muda.

Escola pública de SP joga no lixo e queima dezenas de livros

Mas é para ser assim? Será mesmo que os livros eram tão sem importância, e deveriam dar lugar a outros, mais novos e modernos?

Será que uma edição de Julio Verne, de 1938, merecia tal tratamento? Ser jogada no lixo e queimada?

Por favor não tracemos paralelos com as queimas de livros perpetuadas pelos inquisidores, nazistas, quem quer que seja. O que ocorreu não é uma reedição de Fahrenheit 451.

É apenas o caminhar segundo o principio budista citado. Mas feito sem pensamento, sem reflexão, sem remorso de ver um livro antigo, belo, ainda forte e respeitoso, com seu sedoso papel de outrora, com suas tipografias de outrora, com suas capas rígidas e esmero de prensagem e encadernação, ser queimado sem opção.

Talvez seja pior que a lógica obtusa de Fahrenheit 451. Dessa vez o link é o do livro.

Se possível leia-o. E por favor não o queime nem o jogue no lixo. Se não quiser um livro doe-o a uma outra pessoa. Doar a uma escola pública pode, infelizmente, ser inócuo.

Nenhum comentário: