sábado, 1 de agosto de 2009

Negligência com as Grávidas: um problema nosso!


As reportagens sobre as grávidas que morreram vítimas da gripe A remetem-me às aulas de Michel Odent. Ele defende que a sociedade deveria ter como prioridade máxima a proteção das gestantes. Isso porque, segundo ele, o período primal - que começa na concepção e segue até o segundo ano de vida - é decisivo no desenvolvimento da capacidade de amar do sujeito. Imagine o que aconteceria com os índices de violência se conseguíssemos gerar cada vez mais pessoas com elevada capacidade de amar!

Na semana passada, estive péssima: passei vários dias gripada e na quinta-feira acordei com a cabeça estourando, uma tosse seca forte, dor no corpo e muita secreção: coriza e lágrima, além de febre. Como tinha acabado de chegar de Balneário Camburiú e lá, os argentinos estão por toda parte, fiquei preocupada e resolvi ir ao médico. Chegando no Copa Door, fomos prontamente mascarados e encaminhados para um anexo do hospital. A médica ouviu meu relato e avaliou que eu não estava com a gripe A, mesmo sem fazer o exame específico. Quando eu questionei, ela disse segundo o protocolo, apenas os doentes com sintomas críticos poderiam ser encaminhados para o exame. Eu ouvi espantada porque o que poderia ser mais crítico que tudo aquilo que eu estava sentindo? Mesmo assim, fui encaminhada para a área comum do hospital para fazer exames de raio x de face e tórax. Como esses exames deram normal e o médico me prescreveu novalgina e me mandou de volta para casa.

Eu ainda não estou 100%, mas sinto que o ciclo da doença está chegando ao fim. É provável que eu não esteja grávida, mas se eu estivesse, ninguém investigou essa hipótese ao me examinar no hospital. Se em hospital particular, com paciente esclarecida e questionadora o atendimento não primou pela certeza, imagine nas precárias situações da maioria dos hospitais públicos brasileiros! O relato das famílias das gestantes que morreram também mostram sinais de negligência nos hospitais onde elas foram atendidas. Quem será responsabilizado por essas vidas que foram perdidas em um momento tão importante? Agora, quem poderá amar esses filhos como suas mães amariam? Quem irá amamentar essas crianças? Quem cantará para elas? Quem acordará todas as noites e mesmo exausta poderá acalantar esses corpinhos frágeis? Certamente não são os profissionais que se limitam em seguir protocolos.

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