domingo, 28 de setembro de 2008

Dando asas à solidariedade

Ontem foi um dia muito especial. Acordamos cedo, mas nem tanto e fomos para o play do Condomínio Morada do Sol. Algumas crianças já aguardavam para o início do "Dia das Crianças Solidárias". Eles chegavam com um prato de quitutes e um pacote de presente - ou uma sacola de brinquedos e roupas. Dois músicos - Rogério e José Carita - afinavam os instrumentos enquanto preparávamos as mesas com as delícias que iam chegando. Aos poucos, as mães encontravam um lugar na roda e com seus filhos no colo, cantavam lindas canções infantis. Entre uma música e outra, novos sorrisos e palavras de encorajamento para as pessoas que promoveram o evento. No final da manhã, quando as doações superaram todas as nossas expectativas, retornamos para casa com a deliciosa sensação de pertencer a uma comunidade do Bem.

Semana da Promoção da Saúde - Legrand

 
 
 
 
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mulheres que podem ser mães em tempo integral: benditas sois vós

A maioria das mulheres do meu convívio são, como eu, mães e profisisonais. Elas saem bem cedinho e voltam para casa no final do dia. Para as que chegam mais cedo, restam tarefas domésticas ou, caso sejam professoras, terão uma longa jornada de planejamento de aulas, correção provas... Mas o que interessa é que elas são consideradas dentro do padrão: trabalhar fora é um dos dogmas da nossa contemporaneidade. É evidente que a questão econômica pesa nessa decisão, mas se é possível manter as necessidades básicas com o que um dos dois ganha, porque não priorizar o desenvolvimento cultural, físico e emocional dos filhos? Quem conhece uma instituição capaz de imprimir em uma criança a identidade e os valores da sua família?

Mesmo assim, poucas mulheres que eu conheço, aliás pouquíssimas, optaram por atuar em casa cuidando dos filhos. Menor ainda é o grupo dos homens que resolvem ficar em casa com a nobre função de educar. Nesse seleto grupo, há sempre uma necessidade por parte de quem fica, de buscar tarefas ligeiramente lucrativas para se sentirem um pouco menos "dependentes" e "culpad@s". Mas afinal, assumir o papel de cuidar dos filhos em tempo integral não é suficientemente nobre? É evidente que esse papel não exclui a possibilidade de crescimento intelectual e cuidados pessoais, mas eu não entendo o que move essas pessoas para fora de casa, considerando que há casos de mães (principalmente) que ganham menos do que pagam pela creche de seus filhos.

Por mais exaustivo ou maravilhoso que seja um dia de trabalho, o momento mais árido do meu dia é quando eu ouço a minha filha me chamando de manhã enquanto eu estou me arrumando para sair. Eu adoraria permanecer ao lado dela, preparar-lhe o café da manhã, brincar, ler, fazer dormir, dar broncas, ensinar coisas novas. Mas ao contrário de tudo isso, não a vejo durante o dia todo. Não sei com quem ela brincou, quem a fez chorar ou sorrir, o que ela descobriu naquele dia e como ela ainda não fala fluentemente, não tenho como perguntar: como foi o seu dia?

Benditas são as mulheres que não precisam sair pela manhã ao som do choro de seus filhos chamando "mamãe". Mais felizes ainda são aquelas que podem contar com uma estrutura econômica e emocional para fazê-las seguras de que o papel que escolheram, conscientemente, significa muito e que por isso, deveriam ser valorizadas em grande medida por seu companheiro e pela sociedade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Celebrando a vida

A vida não teria a menor graça sem as pessoas queridas. Isso explica a necessidade que temos de reunir os amigos no dia do aniversário. Nada melhor para massagear o ego do que a sensação de ser querid@. Melhor ainda é quando olhamos para os rostos iluminados por uma única vela e ter a clareza do quanto essas pessoas são importantes. A vida me presenteou com pessoas talentosas e sensíveis: minha mãe, meu marido, minha filha e todos os demais amigos. São eles que me fazem querer a vida com todas as suas nuances: quando está "tudo azul", tenho companhia para brindar; mas quando a sombra se aproxima, eles me fazem sentir que não estou sozinha.

Quero viver pelo menos 100 anos, lúcida e saudável, pra desfrutar da riqueza de poder ouvir muitas e muitas vezes: "Feliz Aniversário"!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Especialistas em Educação

Ao analisar, com uma querida amiga que mora nos EUA, as questões do último ENEM e do vestibular da UERJ nos perguntamos: o que os avaliadores querem dessa moçada que tenta desesperadamente um lugar ao sol?

Lembramos que enquanto eles preparam suas brilhantes questões, os nossos políticos querem fazer mudanças decisivas no currículo das escolas. Afinal, a especialidade desses também é a educação. A prova disso é a sugestão de um deputado: acrescentar seres vivos na biologia. Um gênio! Melhor ainda é a brilhante idéia de manter os alunos na escola por 16 horas, claro que isso sem contratar novos professores e sem nenhum tipo de preparação especial da escola. Afinal, aumentar a quantidade de horas sempre foi a solução para os nossos problemas. Veja os avanços que tivemos após a exigência das 200 horas! A nossa esperança é que um dia os eleitos aprendam a lição do granjeiro científico de Rubem Alves: o que importa não é a quantidade dos ovos; o que importa é o que vai dentro deles!

A certa altura minha amiga falou de um colega que é professor de educação física na América: brasileiro casado com uma americana há 12 anos e só esse ano conseguiu entrar para a escola pública, ganhando muito pouco. Ao que parece, minha profissão é desconsiderada no globo todo. Talvez isso explique em parte os nossos problemas sociais e políticos.

Eu e minha amiga nos perguntamos quando tudo isso começou. Terceirizar a educação de berço para a escola é algo muito recente na nossa história. Ao mesmo tempo em que cabe ao educador preparar para a vida, observamos que os alunos e professores estão cada vez mais distantes. Alguns não se olham ou se falam quando se encontram na rua.

A minha amiga lamenta o enorme desrespeito com o professor e a escola no Brasil, mas como poderia ser diferente? Não se ensina aqui a valorizar esse profissional ou esse espaço. Quando o governo remunera vergonhosamente os seus educadores ele ensina que esses profissionais não têm grande valor. Recentemente visitei uma escola onde a sala dos professores é menor do que o banheiro da minha casa. Tudo era amontoado e sujo. Eu não me contive e perguntei ao diretor: você acha que essas condições ensinam o que para os alunos? A lição que eles aprendem é: "Estude, faça cursos de especialização e comece a dar aulas porque essas serão as condições de tratamento que você receberá!

Concluímos que não é só uma questão econômica. Na nossa contemporaneidade os professores sofrem constantes ameaças. Uma das mais comuns é o risco de ser processado. Para prevenir esse tipo de problema é comum que as escolas ofereçam no início de ano os cursos de "boas maneiras", principalmente para trabalhar com as crianças. Em alguns países, o professor não pode ficar sozinho com o aluno em nenhum momento, devendo procurar a companhia de uma assistente caso precise levar a criança ao banheiro.

Felizmente, eu e minha amiga ainda estamos em período reprodutivo e que bom que os professores podem ter filhos! Assim, pelo menos pontualmente, podemos mudar a história ao estimular a capacidade de amar, inclusive seus professores.


* Texto inspirado (recortado e colado) no bate-papo de hoje com a talentosíssima Érica. Ela está nos EUA acompanhando o marido, mas é impedida de exercer qualquer atividade - estudar, inclusive - por causa das restrições de seu visto. Certamente os autores dessa lei dialogam com os nossos políticos e avaliadores.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Vamos dar uma forcinha?

Queridos todos

No sábado, AMANHÃ, entra no ar no site do Globinho a votação para a matéria de capa da semana seguinte. Nós, da Oficina de Celular da Mostra Geração, estaremos concorrendo. Precisamos que TODOS, inclusive os nossos amigos, parentes e etc votem na matéria sobre a nossa oficina. Por favor peçam a todos para VOTAREM no seguinte blog

www.oglobo.com.br/bloguinho

mas atenção: essa votação só fica no ar até domingo

agradeço antecipadamente
bjs
Felicia Krumholz

Crianças Solidárias

No próximo dia 27 faremos um café da manhã no meu condomínio para que as crianças daqui tenham a oportunidade de exercer um pouco de solidariedade. As mães que vivem se queixando de não ter onde colocar tantos brinquedos podem se sentir aliviadas: essa é a hora de selecionar coisas interessantes para presentear as crianças menos privilegiadas do que os nossos filhos. Além disso, poderemos nos fartar com os quitutes dos vizinhos: cada um deve levar algo para o café da manhã. Quem acordar de ressaca ou não se sentir inspirado para preparar um bolinho autoral pode levar um pão francês quentinho: ninguém irá se queixar! O importante é que esse momento seja único, como foi o nosso "Natal Solidário" - ah que saudade!
Picasa Web Albums - Luis Santos - NATAL SOLIDÁRIO
Quem quiser fazer parte dessa celebração é só enviar uma mensagem "comentário" e aparecer com um quitute e um brinquedo para ser doado. Quem se animar pode também promover um dia desses na sua comunidade e me convidar. Quanto mais festas como essas, mais os nossos filhos aprenderão que ser solidário faz bem!

* PS. As doações das nossas crianças irão para o Instituto Fazer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Como os Animais

Durante a abertura do Seminário que aconteceu no mês passado em Belo Horizonte: BH pelo parto Normal, Michel Odent defendeu que a prioridade hoje é MAMIFERIZAR o parto." Para construir essa tese ele se baseia em quatro princípios:

1º) A ocitocina é um hormônio "tímido" que desencadeia a contração uterina. Os fatores ambientais são determinantes na liberação desse hormônio: dificilmente ele pode ser liberado entre estranhos e observadores.

A ocitocina, também chamada de hormônio do amor, é importante nas relações sexuais, sendo que o par precisa liberar o hormônio para acontecer a relação. Assim como o sexo, o parto requer, normalmente, isolamento e intimidade, havendo apenas a presença dos envolvidos. Mesmo em relações grupais, as pessoas buscam um espaço em que se sintam seguras.

Instantes pós-parto a mulher libera o seu mais alto nível de ocitocina da vida. É o maior pico de hormônio do amor da vida da mulher. Nenhum orgasmo pode liberar quantidades tão altas! Essa grande liberação hormonal ajuda no não sangramento da placenta. A mãe precisa do bebê pele a pele, cheirá-lo e ter forte contato para liberar este pico vital de ocitocina. Essas informações servem àqueles que dão assistência ao parto para se descobrir quais as reais necessidades da mulher ao parir.

No Reino Animal, a regra é as fêmeas se recuem para um local em que fiquem isoladas e seguras sem que sejam observadas durante o parto. Nos grupos humanos mais remotos, as mulheres se isolavam para dar à luz. Nas comunidades as mulheres buscavam as "cabanas" de partos que ficavamem locais isolados onde todas davam à luz. Sempre houve a separação do grupo para parir, mas não muito longe de suas mães ou de outra mulher experiente que pudesse protegê-la de animais que pudessem estar por ali - em geral, não temos vergonha de nossas mães, por isso a ocitocina pode ser liberada na presença delas. Essas mães/mulheres são as precursoras das parteiras. Veio a socialização do parto. A parteira passou a existir e se tornou uma agente, uma guia da parturiente, e não uma observadora silenciosa. Muitas vezes elas agem de forma invasora, ensinando a mulher o que fazer. As mulheres passaram a dar à luz em ambientes domésticos. Ensinar a parir é falta de compreensão de como funciona a ocitocina. A mulher precisa apenas não se sentir observada e pressionada. Em toda a história houve a exclusão dos homens da cena de parto. Já no século XX houve a masculinização do cenário de parto, e em especial, na década de 70 entra o pai para a cena.

2º)O hormônio adrenalina impede a liberação da ocitocina em mamíferas. Adrenalina é o hormônio da urgência, que prepara o corpo para agir.

Para deixar a ocitocina fazer o seu trabalho de parto é necessário músculos relaxados e não energia, carboidratos e glicose. Quando uma mamífera se retira para parir e se sente segura, o hormônio do amor faz o seu trabalho. Entretanto, se ela percebe um perigo, um predador, imediatamente há liberação de adrenalina e seu trabalho de parto é eficientemente interrompido para que seu corpo seja capaz de fugir. Só então quando se sentir segura novamente, voltará ao trabalho de parto. A fisiologia seria ineficiente se ela tivesse que correr com o filhote descendo pela vagina, por isso pára tudo quando há sinal de perigo.


3º) Comparadas a outras mamíferas, as humanas têm partos difíceis e longos. Isso se dá pelo córtex desenvolvido que temos. O cérebro do intelecto, a área
cerebral responsável pela racionalidade, é uma deficiência durante o trabalho de parto. As inibições à ocitocina vêm desta área cerebral, tanto para o
sexo quanto para o parto. Para o bom parto, o córtex tem que parar de funcionar, relaxar. É por isso que muitas mulheres esquecem o que está acontecendo em sua volta durante o parto e são pouco polidas, ficam de quatro, se comportam como se estivessem em outro planeta. Tudo isso significa que o córtex diminuiu sua atividade.

Por isso não se deve estimular o córtex, o campo racional da mulher durante o parto.
Principais estímulos: linguagem. Dos mais fortes estímulos. O silêncio é o maior aliado do parto. Luz. Imagens visuais em geral. Por isso menos luz.

4º) Eliminar tudo que é humano: crenças e rituais que interferiram com o processo de parto. É preciso sair dos efeitos desses rituais. Um exemplo: a separação de mãe e filho em vários momentos da história da humanidade. Em tempos de não civilização, as mulheres pariam e o bebê era levado ao chefe/líder da tribo para uma preparação ou avaliação da criança para depois se integrar à comunidade. Em tempos atuais, o bebê nasce e vai para as mãos do pediatra que faz o mesmo que seus primórdios, avalia se o bebê pode viver na comunidade, e o prepara para tal. Em um momento da descoberta do parto natural, houve a conduta de passar o bebê ao pai assim que nasce para que eles iniciem um vínculo afetivo mais precocemente. Em todas as situações, em diferentes lugares e tempos, é conduta HUMANA separar mãe de bebê. Essa conduta deve ser dispensada, assim como tudo
que é humano.

Fechando a palestra: o neocórtex tão avançado que o homem desenvolveu torna o hormônio do amor inútil. E qual é o rumo desta sociedade?

* Adaptado de http://www.ibfan.org.br/noticias/noticia.php?id=329.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Um dia para ser lembrado

O dia 5 de setembro é um dia especial para pensarmos na Amazônia: um monstro de cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados. Calcula-se que só a parte brasileira possua 3 milhões e meio de quilômetros quadrados de densa floresta tropical. Considerando que na natureza, diversidade é sinônimo de riqueza, a Amazônia é um patrimônio e tanto!



Certa vez, uma amiga que acabava de voltar de sua lua de mel na Amazônia (claro que ela e o marido são biólogos), me disse que enquanto esteve lá precisou falar inglês o tempo todo. Pensei no significado dessa invasão estrangeira. Nada contra a moçada do bem que vem ao país com o "puro" desejo de pesquisar, desde que os pesquisadores brasileiros e os nativos estejam lá também, de preferência sendo a maioria e preservando a sua língua e cultura, com condições dignas de trabalho e desenvolvimento local.

Para manter o potencial genético e cultural e garantir o equilíbrio e a continuidade das florestas da Amazônia, além de sua incrível rede pluvial, é preciso que cada brasileiro tome para si a responsabilidade de conhecer esse ecossistema e acompanhar as ações que colocam em risco suas altas e densas florestas.