quarta-feira, 30 de julho de 2008

Em busca de encorajadores

Ao chegar no terceiro ano do ensino médio, os estudantes costumam ficar tensos com as decisões que precisam ser tomadas. Da escolha profissional ao nível de dedicação nas discpilinas: os jovens percebem que cada escolha equivocada poderá trazer impactos decisivos ao seu futuro.

Talvez seja essa a primeira vez em que eles assumam a direção de suas vidas, vamos combinar que já não era sem tempo! O medo de decepcionar passa a ser um fantasma e por isso é comum que alunos que sempre foram "docinhos" passem a se comportar de modo agressivo e prepotente. Mais do que nunca os educadores precisam ter paciência e carinho redobrados ao lidar com esse público.

Do mesmo modo, ajuda muito quando esses alunos conquistam auto-confiança e objetividade: nesse estágio escolar, transferir os saberes para atividades práticas é mais importante do que entender minunciosamente tudo o que os professores dizem.

É possível que os jovens sintam-se encorajados ao ouvirem relatos de pessoas que superaram suas limitações e alcançaram o sucesso em determinada área. Talvez essas pessoas estejam tão próximas ao ponto de integrarem a comunidade escolar. Nesse caso, poderão aceitar o convite de falar com os estudantes, mesmo que não recebam dinheiro para fazer isso. Certamente esses encorajadores terão suas idéias oxigenadas pela moçada.

Pode ser que os esforços para encorajar os jovens resulte em um número maior de aprovações no vestibular, mas mesmo que isso não ocorra, certamente colaborará para que os jovens sintam-se cuidados. E afinal, não é essa a função das escolas?

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mães emocionalmente protegidas e bem alimentadas = Filhos inteligentes e saudáveis

Nos últimos dias estou transcrevendo os ensinamentos de Michel Odent que tive a oportunidade de filmar no último encontro do curso “Ecologia do Parto”. De modo muito claro ele fala com entusiasmo sobre diversos temas ligados à saúde emocional da gestante. Aliás, uma das coisas que ele propõe é que a saúde emocional das gestantes seja uma obsessão para quem acompanha as etapas do pré-natal. Para ele, aquele antigo pensamento de não contrariar as mulheres grávidas é essencial para promover a saúde a longo prazo. Ele se baseia em várias pesquisas que detectam uma íntima relação entre os problemas emocionais enfrentados durante a gravidez e o surgimento de doenças físicas e afetiva no filho. Para Odent e seus colaboradores, o risco de criminalidade e outros transtornos de comportamento é maior entre os filhos gerados enquanto a gestante vivenciava uma crise emocional.

A ação dos lipídeos na dieta das gestantes foi um dos pontos altos da palestra. Odent ensinou que do ponto de vista nutricional, os lipídeos podem ser considerados os elementos mais importantes, especialmente aqueles que fazem parte da família ômega 3. Para tornar esse assunto palatável à uma platéia de não-bioquímicos, Odent propôs uma dinâmica que transformou cada aluno em um átomo de carbono e a turma em uma longa cadeia de ácidos graxos – ora saturados, ora insaturados, demonstrando claramente o que é um ômega 3. Até então, eu desconhecia o nível de importância dessa molécula para o desenvolvimento do cérebro durante o período gestacional. Odent destacou que o principal lipídeo relacionado ao desenvolvimento cerebral é um tipo especial de ômega 3, denominado DHE, encontrado exclusivamente nos peixes de alto mar e no leite materno. Odent cita alguns estudos, realizados em diferentes partes do mundo, que relacionam o baixo consumo de alimentos de origem marinha ao aumento do risco de eclampsia severa. No Brasil a eclampsia é o maior fator de risco de mortalidade materna e para Odent, ela ocorre quando a placenta exige mais da mãe do que ela pode oferecer.

Para ressaltar a importância de uma dieta rica em peixes, Odent e seus colaboradores desenvolvem uma pesquisa no Rio de Janeiro, no hospital Alexander Fleming encorajando as gestantes na ingestão de sanduiches de sardinha. A população do Rio de Janeiro foi escolhida em função do baixo consumo de peixes e alto índice de eclampsia e pré-eclampsia. A sardinha é usada na pesquisa pelo baixo custo, por ser fonte de lipídeos necessários para o desenvolvimento cerebral do bebê e por ser um peixe pequeno, que não representa riscos de contaminação pela poluição marinha.

A simplicidade das ações propostas por Odent me faz pensar na urgência de que essas orientações cheguem a um número cada vez maior de pessoas agraciadas com a chegada de um bebê. Se você convive com uma gestante ou pretende engravidar, esse breve relato pode ser útil, mas sugiro a leitura dos livros de Michel Odent. Outra coisa que você pode fazer é facilitar a vida da mãe que amamenta, oferecendo apoio e incentivos. Seja criativo preparando alimentos gostosos a base de sardinha e principalmente, cuide com carinho do estado emocional dessa gestante para que no futuro a nossa população seja mais inteligente e saudável.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Fungos Deliciosos

A autonomia é um dos maiores bens que um educador pode adquirir na sua prática pedagógica: ela permite que o professor tenha idéias enquanto está tratando um assunto, proponha uma dinâmica aos alunos e transforme a aula em momentos prazeirosos e marcantes. Felizmente, nas duas escolas onde leciono - Colégio Legrand e Escola Parque - tenho total liberdade e incentivo para criar.

Na semana passada, enquanto eu falava com os alunos do sétimo ano sobre a ação dos fungos no crescimento dos pães, sugeri que os meninos fizessem pães em suas casas e observassem o que acontece com a massa. Sugeri uma aula de degustação participativa: cada aluno deveria trazer um dos pães que ele mesmo fez e eu fiquei encarregada em levar outras coisas produzidas com fungos, como queijos, suco de uva (para representar o vinho) e cogumelos comestíveis.

Eu já havia experimentado algo semelhante no Colégio Cruzeiro quando a minha querida amiga Laís propôs pela primeira vez a degustação de fungos. No ano seguinte, repetimos a experiência, mas os alunos participavam apenas como degustadores e cabia às professoras de laboratório todo o trabalho. Dessa vez, além de degustadores, os alunos atuaram na busca e execução da receita do pão e na montagem da aula. Não me senti sobrecarregada e no momento da degustação houve uma rica troca de experiências. Todos aguardaram pacientemente até que a mesa estivesse posta e a música ambiente deu um tom de festa para a aula. Foi um barato assistir os alunos descobrindo sabores e aprendendo ao mesmo tempo. Confira no final do blog uma montagem com algumas das fotos que os alunos tiraram desse saboroso evento ou veja o slideshow completo logo abaixo.

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sexta-feira, 11 de julho de 2008

Narrando e Aprendendo

A minha trajetória como contadora de histórias começou quando recebi um convite inusitado da Criançartes - a escola da minha filha - propondo que os familiares participassem de uma aula, levando algo que pudesse interessar às crianças. Quando eu comecei a pensar em algo para levar, lembrei do interesse que os livros despertam na minha pequena e decidi levar para a creche os livros que ela mais gostava. Foi um prazer tão grande que eu tive vontade de voltar mais vezes, principalmente após receber os abraços daquelas crianças tão especiais.

Algum tempo depois, descobri uma creche linda que funciona em um casarão na Álvaro Ramos e parei para perguntar o preço da mensalidade, imaginando que seria uma fortuna. A resposta me impressionou: o valor é simbólico porque essa creche atende apenas as crianças carentes - ela foi montada por empresários que desejavam oferecer para as crianças de baixa renda um espaço de alta qualidade. Não pensei duas vezes antes de me oferecer como voluntária e ceder duas horas por semana para atuar como contadora de histórias. Esse trabalho abriu um portal para o universo da literatura infantil. As crianças da creche e a minha filha acabam tendo acesso a uma variedade de preciosos livros: são quatro títulos diferentes por mês. Várias pessoas me ajudam a escolher as obras, uma delas é a eficiente bibliotecária da Escola Parque Barra. Ela observa atentamente a reação das crianças e seleciona para mim as obras que mais provocaram encantamento. Recentemente ela me sugeriu um livro que fez muito sucesso: "Viviana, Rainha do Pijama" de Steve Webb. No link abaixo você pode conhecer essa bela história que foi filmada e editada por Luis Santos, o meu grande parceiro, narrada por mim e pela Luisa, a minha doce filha:

terça-feira, 8 de julho de 2008

O escafandro e a borboleta

Como a maioria dos meus leitores sabe, ir ao cinema é o meu passeio preferido, mas nem sempre é possível dar uma fugidinha. No último sábado eu e meu marido conseguimos: deixamos nossa filhota com a babá e seguimos para o Odeon. Não tivemos nenhuma dificuldade para estacionar e chegamos um pouco mais cedo: o suficiente para entrar no clima do lugar e nos preparar para uma longa viagem.

Dessa vez, a janela mágica nos transportou para o ponto de vista de um homem que havia sofrido um acidente vascular cerebral e por isso, perdeu a capacidade de realizar movimentos - exceto o abrir e fechar das palpebras. Não é nada confortável estar nessa situação, mas nos mantivemos firmes e encantados com as estratégias utilizadas pelo diretor para mostrar, por exemplo, a embaçada visão de um paciente que se encontra na horizontal e assiste como um espectador as intervenções dos profissionais de saúde do hospital onde está internado.

O tratamento médico é compatível com a realidade dos poucos seres humanos que só conhecem o sucesso. Mas isso não atenua o peso que o personagem carrega e compartilha com os espectadores. Livrar-se desse peso e criar uma leveza para dar sentido à vida, ainda que em condições vegetativas é o desafio do personagem.

Saímos leve... leve... só faltou o churros. Tem coisa melhor do que comer churros andando no centro da cidade?

* para saber mais sobre esse filme, acesse:
http://www.adorocinema.com.br/filmes/escafandro-e-a-borboleta/escafandro-e-a-borboleta.asp

sábado, 5 de julho de 2008

Dando voz à pesquisa acadêmica

Recentemente tive a oportunidade de participar de um projeto da Biblioteca Virtual de Saúde Pública Brasil em parceria com a USP. Este projeto produz audios com entrevistas e relatos das experiências de pesquisadores que publicaram trabalhos relacionados à saúde pública. Essas pesquisas ficam disponíveis no site (http://saudepublica.bvs.br) e também são distribuídas para emissoras de rádios comunitárias, para que os ouvintes possam se beneficiar com os resultados da pesquisa.

Penso que essa é uma forma viável e criativa de garantir que a sociedade tenha acesso aos trabalhos acadêmicos e por isso fiquei radiante quando soube que o meu trabalho de pós-graduação foi selecionado pela Coordenação de Pós Graduação da ENSP, para fazer parte desta iniciativa. De acordo com os organizadores, os critérios adotados para a seleção foram: validade externa, originalidade e intersetorialidade.

Caso você queira ouvir a entrevista e conhecer a pesquisa que foi orientada pela Dra. Luisa Massarani, basta ouvir abaixo.



Introdução


Entrevista


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Saudades da minha terra

Andei sumida porque vida de professor no final de um semestre é uma correria só. Felizmente, temos julho e nesse merecidíssimo recesso, quero ter tempo para aproveitar essa cidade que eu amo e que me acolheu tão bem - o Rio de Janeiro, mas também quero voltar à minha terra natal: Belo Horizonte. Tenho tanta saudade do cheiro e dos sabores de BH que não sei se uma semana será suficiente para cumprir todos os meus compromissos.

Por exemplo, pretendo levar os meus sobrinhos à um parque de diversão muito legal que fica na Pampulha - um bairro que vale muito a pena conhecer! Nesse parque, os brinquedos são bem cuidados e o preço é tão viável que é possível fazer um investimento: promover o encontro dos primos para que eles se divirtam juntos. Isso, para a minha filha que mora longe dos primos, é um luxo!

Também quero ir ao cinema com os meus amigos e depois tomar um chopinho delicioso no bar do Cine Belas Artes - espero que ainda seja possível ouvir um chorinho de primeiríssima qualidade, como eu fazia todas as segundas - ê tempo bom!

Além de todas as coisas imperdíveis, o que quero mesmo é curtir ao máximo o melhor lugar do mundo: a casa da minha doce mãe, que tem a comida mais incrível, os melhores causos mineiros e um colo que até hoje eu não abro mão. Já sei que vou voltar com uns quilinhos a mais e feliz da vida!