terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O que é isso???

No último dia 29 eu desci para brincar com a minha filha e ao olhar para o céu vi dois riscos luminosos. Como mãe coruja, eu estava munida de uma câmera e aproveitei para fazer esses registros. No dia seguinte, procuramos alguma notícia sobre os inusitados feixes luminosos, mas não encontramos nada. No meio do caos de uma mudança, não consegui colocar imediatamente essas imagens no blog. Mesmo atrasada, espero que vocês nos ajudem a decifrar esse enigma.









sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Presentes que já estão presentes na casa da gente

como vocês devem ter visto, coloquei um quadro aqui no blog com a contagem regressiva para o Natal, sugerindo a vocês que surpreendessem as pessoas que amassem. Assim, certamente essa mensagem deveria valer para mim também, mas eu não poderia "comprar" porque estava no meio do caos de mudança e eu havia combinado com o Luis de não encarar shoppings e trazer ainda mais coisas para casa: quando mudamos é que temos a noção de como temos coisas e que um montão delas são absolutamete desnecessárias...

Então resolvi aproveitar para fazer uma limpa. Descobri no meu guarda-roupa uma série de coisas que eram a cara das minhas irmãs ou da minha mãe, dos meus sobrinhos, das minhas amigas e que, talvez por isso, eu usava muito pouco. Haviam roupas minhas e do Luis que já não serviam, mas que teimávamos guardar para quem sabe... Algumas dessas coisas eram tão novinhas que foram empacotadas como presente de Natal e farão muita gente feliz lá em Belô! Achei coisas fofas da minha filhota que eu resolvi guardar para o segundo filho - será que ele vem? Na dúvida, resolvi mandar tudo para um queridíssimo inspetor da minha escola que teve gêmeos: como filhos são bênçãos, ele é mesmo abençoado! Por falar em bênção, a Luisa tem tanta coisa que eu vou levar um saco enorme de coisas dela para o Instituto Fazer e outro saco tão grande quanto para vender no bazar Maria Chiquinha. Também descobri vários livros de biologia em duplicata: e olha que as editoras andam amarradinhas... Esses separei para uma amiga que está começando a trilha do magistério e ávida por estudar. Além de tudo isso, ainda consegui separar caixas enormes de fitas VHS para o meu sogro - não é presente de grego porque ele compra isso até hoje!

Estou exausta, mas descobri que nessas horas o melhor é não fugir e botar a mão na massa todas as vezes que chega a hora de reciclar coisas. Nesse exercício aprendi que é possível presentear as pessoas que amamos com coisas que estão bem debaixo do nosso nariz - ou escondido em um canto da casa - sem gastar nada e ainda abrindo espaço para os presentes que a vida nos oferece: como ter uma casa clean, por exemplo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Neste Natal, faço minhas as palavras de Frejat

Eu te desejo não parar tão cedo pois toda idade tem prazer e medo.

E com os que eram feios o bastante que você consiga ser tolerante.

Quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro.

Que você descubra que rir é bom mas rir de tudo é desespero.

Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar.

Eu te desejo muitos amigos, mas que em um você possa confiar.

E que tenha até inimigos pra você não deixar de duvidar.

Quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro.

Que você descubra que rir é bom mas rir de tudo é desespero.

Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar.

Eu desejo que você ganhe dineiro pois é preciso viver também
E que você diga a ele pelo menos uma vez quem é mesmo o dono de quem.


Feliz Natal e um 2009 excepcional!

Um presente de Natal para a toda a família

Caros leitores, como presente de Natal quero compartilhar com vocês uma série chamada "Animal save the planet". Espero que nesta noite feliz vocês tenham uma companhia agradável para dar boas gargalhadas com a vaquinha, os suricatas, o orangotando e todos os outros bichos fofos. Clique aqui e divirtam-se!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Você precisa aprender a redigir textos argumentativos?

Muitas pessoas me contam que têm dificuldades para expor suas idéias, principalmente quando precisam expressar o que pensam por escrito. Fico pensando em quanta coisa essas pessoas podem perder ou devem ter perdido porque não ousam escrever: opinando, reclamando, declarando... Por isso, procuro encorajá-las brincando que escrever e coçar é só começar, mas reconheço que escrever é mesmo uma arte, que, como tal, pode ser aprendida. O vídeo abaixo faz parte da série "vestibular em foco" e traz o professor de redação Evert Reis dando dicas preciosas para a escrita de um texto dissertativo. Assista e divulgue para as pessoas que você gostaria que escrevesse ainda mais e melhor:

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Breve análise do livro: “Viviana Rainha do Pijama”

Já era para eu ter publicado este comentário sobre o livro de Steve Webb, dirigido à um público que cada vez mais merece ter sua inteligência respeitada. Ao levar essa história para as minhas crianças da Fazer Arte, observei que a história da menina que vai dar uma festa do pijama agrada as crianças bem pequenas e também os mais velhos, incluindo os adultos que sempre dão um jeitinho de ficar por perto quando está na hora de contar histórias. Os desenhos são primorosos e ao tocar nas folhas do livro, temos a sensação gostosa de tocar em um desenho que acabou de ser feito pela menina que nos conduz nessa aventura: Viviana. A história é uma homenagem aos que pelo menos uma vez na vida passaram o dia todo de pijama e para isso envolve a personagem principal em uma investigação para saber como os animais vão para a cama. Viviana escreve e desenha cartas divertidíssimas para seus amigos animais que respondem com bom humor e criatividade.

É um livro para ler sem pressa, de preferência com a criança no colo. A Luisa, por exemplo, adora que eu volte as páginas para mostrar no mapa a localização da África, da Antártica, da Austrália, do Oceano Índico, da América do Norte e do Brasil - os lugares onde moram os animais que foram convidados para a incrível festa do pijama de Vivivana.

Em resumo: um livro três vezes "bem" - escrito, humorado e ilustrado - que eu tenho o prazer de recomendar, tanto para o público-alvo quanto para nós, pouca coisa mais velhos, que adoramos passar o dia de pijama, em uma cama aconchegante, lendo e curtindo as nossas crianças.

Ficha Técnica:

Webb, Steve, 2006 - Viviana Rainha do Pijama. São Paulo, Moderna.

O exemplar foi uma cortesia da Editora.

Quer dar uma forcinha na nossa mudança?

o dia da minha mudança se aproxima, por isso tomei coragem para o exaustivo processo de encaixotar e desfazer de coisas - ufa nem comecei e já estou acabada! Hoje anunciei mais produtos no blog e que eu e meu marido criamos especialmente para vender o que não vai caber no nosso novo cantinho. Se eu tiver fôlego, pretendo incluir mais novidades nos próximos dias. Como não temos muito tempo peço a ajuda de vocês, meus queridos leitores, para divulgar essas ofertas.

um grande abraço,

Silvania

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Direitos Humanos: da tela ao coração

Nessa época do ano em que todos fazem suas retrospectivas, fiquei pensando nas imagens que mais impressionaram os meus leitores em 2008. Por isso, me escreva contando quais foram as cenas de violência aos direitos humanos que mais te causaram perplexidade. Ou será que você já está imune à esse tipo de sentimento e não se abala ao ver as monstruosidades que são cometidas contra a sua espécie?



De que modo educadores como pais e professores atuam contra esse tipo de violência?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Como nascemos?

A chegada de um bebê desperta a curiosidade de todos. Um dia desses, uma amiga me disse que se enrolou para explicar ao filho por onde a criança nasce e resolveu dizer que todos nascem pela barriga. É possível que as crianças curiosas fiquem melhor informadas se assistirem uma animação como essa:

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dando asas às crianças

Neste final de ano, a escola da minha filha sugeriu que levássemos as crianças para a festa de confraternização vestidas com uma roupa ou acessório que remetessem à idéia de um avião. Os pais, mais uma vez, tiveram que quebrar a cabeça. Felizmente uma mãe caridosa enviou para mim o molde do avião que ela havia feito para a filha em outra ocasião. A construção facilitada não impediu que envolvessemos muitas pessoas nessa tarefa: o pai trouxe o molde, o tio e a Luisa pintaram, a avó cuidou da ornamentação e eu dei os meus pitacos. O dia da apresentação foi tenso porque a Luisa se assustou com o ambiente diferente e chorou. Curti consolar a minha pequena enquanto o teatro era apresentado - lágrimas no meio de risos é algo lindo de se observar. Ela só foi para o palco no momento da dança do avião, mas arrasou! Vejam:

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Amamentação na primeira hora

Na maioria das maternidades brasileiras, o bebê é retirado de perto da mãe logo após o parto. No máximo permitem que a "ex-gestante" olhe rapidamente o seu bebê, que em seguida é levado para uma série de procedimentos invasivos. Um tempo para que mãe e filho se re-conheçam com intensidade e o encorajamento para a amamentação na primeira hora após o nascimento é um luxo que poderia trazer inúmeros benefícios sociais.

Garantir esse contato oferece vantagens para a mãe, para o bebê e para a sociedade. Veja algumas das vantagens que os cientistas relacionam com a amamentação precoce:

- Fortalece o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê;
- Diminui o risco de hemorragias;
- Antecipa a chegada do leite nas mamas;
- Diminui o risco de fissuras e o "empedramento" das mamas;
- Diminui o risco de câncer de mama e depressão pós-parto;
- Aumenta a sensação de proteção e segurança em um momento em que o psiquismo do bebê está muito estimulado e vulnerável.


Por tudo isso eu defendo que a amamentação deveria ser uma prioridade para a família, bem como para a sociedade e seus governantes. Para pensar em uma ação prática, antes do nascimento do bebê, que tal reunir a família para discutir o que cada um pode fazer para oferecer condições que facilitem o ato de mamar? Sua família, os amigos e/ou os empregados podem participar desse ato, por exemplo, oferecendo um ambiente limpo, tranquilo, pouco iluminado e, de preferência, alguém disposto a levar um pouco de carinho em forma de suco, frutas ou água para a mulher que amamenta. Se cada brasileirinho, menor de dois anos, tivesse acesso a um ambiente favorável, teriamos mais bebês mamando, mais crianças saudáveis e muito mais adultos felizes!

Ao governo não basta fazer propagandas com belas atrizes, porque o ato de amamentar pode ser uma TORTURA quando a mulher não esta preparada ou quando as condições são precárias. A preparação da futura lactante passa pelo acesso à informação - sem romantismos - e pela motivação: as mulheres precisam saber que suas mamas são poderosas!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Compartilhando um momento especial

As feiras de livro podem ser um programão para as crianças. Recentemente visitamos a exposição "Primavera dos Livros" no Museu da República. Chegamos na hora do show do grupo Casuarina e a Luisa amou ouvir os sambas incríveis que costumam fazer parte do repertório nas casas noturnas, mas que agora encantava a criançada. Foi lindo ver os pequenos curtindo música boa... Depois fomos escolher os livros e a Luisa participou ativamente da escolha dos dela. Infelizmente a chuva atrapalhou na hora de brincar no parquinho, mas não impediu que participássemos do lançamento do livro "A menina marca texto": uma leitura altamente recomendável para todas as idades!


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Para Incrementar as Aulas

Caros colegas professores e demais amantes da biologia, sugiro que vocês acessem o portal da educação pública para assistir as duas novas oficinas de Biologia. No site, você pode encontrar oficina de todas as áreas: eu dei uma olhada rápida nas oficinas de artes e considero que elas estão bem afinadas com o objetivo do projeto que é estimular a prática pedagógica com idéias, projetos e experiências para a sala de aula.

Uma das oficinas de bio ilustra a anatomia e o funcionamento dos nossos cinco sentidos. Já a segunda oficina revela como é possível demonstrar a fotossíntese através de um experimento que usa materiais muito simples.

Os experimentos podem ser executados pelos alunos, ou, na ausência de tempo ou do laboratório, o professor pode projetar os filmes em sala de aula e discutir os resultados. O melhor é que é possível baixar e levar as animações gratuitamente. Parabéns ao CECIERJ por mais um projeto de educação a distância bem-sucedido!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Arte & Biologia

Acabo de encontrar uma animação muito simpática, feita por um aluno do ensino médio, usando as técnicas de Stop-Motion com massinhas para representar o tema Relaçóes Ecológicas.

Esse é um bom exemplo de como os trabalhos de biologia podem valorizar o pensamento, o potencial criativo e a bagagem tecnológica dos jovens da nossa contemporaneidade. Parabéns ao autor André Soares e ao professor que sugeriu o trabalho!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Uma questão de Respeito

O exercício da minha profissão sempre foi marcado pelo contraste da realidade de alunos que estudam nas redes públicas e particulares de ensino. Logo que me formei, fui convidada para trabalhar em uma escola de elite em BH, onde, antes do início das aulas, os estudantes eram “acolhidos” por seus professores: 5 minutos para refletir valores como família, amizade, solidariedade e, como era uma escola de irmãs, a fé também podia ser tema da acolhida. Nessa escola aprendi algumas técnicas para garantir a disciplina, sempre cuidando para que os alunos não se sentissem rotulados ou discriminados. Uma das premissas era de se falar baixinho ao repreender o aluno, como dizia a madre: educando com serenidade e carinho.

Na mesma ocasião, fui aprovada em um concurso da prefeitura municipal de Belo Horizonte e comecei a dar aulas em uma escola de periferia. Lá, muitas vezes, vi os alunos serem tratados aos gritos: da diretora que esbravejava de onde ela estivesse para chamar a atenção dos alunos, aos professores que batiam forte na mesa na tentativa desesperada de conseguir o silêncio para as suas aulas.

Para mim, essa discrepância no tratamento ao longo da história escolar do sujeito faz toda a diferença quando os dois grupos se encontram, por exemplo, para concorrer a uma vaga na faculdade. Ainda que os alunos daquela escola pública, com a ajuda da Escola Plural, concluísse o ensino médio, a fragilidade de sua formação tornaria desleal essa competição.

Uma das escolas citadas acima (vamos ver se você adivinha de qual delas eu estou me referindo) preconizava o respeito pelo aluno, pelo educador e pelo espaço da aprendizagem em pequenas e grandes ações. Exemplos dessas ações: laboratórios bem montados, salas confortáveis, equipamentos tecnológicos em bom estado e acessíveis, professores bem pagos e motivados (como esquecer uma escola que, no dia do professor, presenteia seus mestres com um porta-cheque de couro recheado com um cheque no valor equivalente a um salário?!).

Como você pode imaginar, na escola pública, a minha realidade era muito diferente, mas insisto na hipótese de que é o respeito, ou a ausência dele, que produz os maiores contrastes entre as duas Redes de ensino.

Sei que apresento aqui duas caricaturas de escolas: nem todas as escolas particulares são respeitosas com o processo de aprendizagem e quero crer que existam escolas públicas que primam pelos sujeitos da aprendizagem. Mas essa é a regra?

Em uma das escolas onde atuo, foi proposto um belo trabalho de pré-vestibular solidário que atende a jovens moradores de uma comunidade carente do entorno da escola. As aulas são ministradas pelos meus alunos do terceiro ano do ensino médio e hoje eu pedi para uma das alunas mais engajadas no projeto me contar como ela se sentia dando aula para uma população carente. Ela me disse, com enorme tristeza, que por mais dedicados que seus alunos tenham sido, todos foram eliminados nas primeiras etapas dos vestibulares que prestaram nas faculdades públicas do Rio de Janeiro. Esse lamentável resultado mostra que para essas pessoas, o sistema de cotas não resolve: a base e o respeito na formação do sujeito foram negados aos cidadãos que a minha aluna se empenhou em preparar para o vestibular. Juntas, nós duas refletimos sobre as condições necessárias para a permanência dos alunos de baixa renda que conseguirão a tão sonhada vaga. Terão eles dinheiro para comprar livros ou mesmo para pagar a passagem e se alimentar decentemente no campus? Como os professores desse segmento irão lidar com a nova configuração das turmas? Na lógica dos 50%, com níveis de preparação tão distintos, como o saber será nivelado? Para manter os níveis atuais de cobrança e conteúdo as universidades terão que manejar a evasão dos alunos, como?

Assim, me parece que o sistema de cotas, embora necessário, seja por si só uma ação fácil encontrada pelo governo para o enfrentamento do acesso às Universidades públicas. Difícil será promover o Respeito: dos projetos arquitetônicos e pedagógicos às relações com os estudantes e os educadores. Será que nos contentaremos com o caminho mais fácil?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um show de Mitose

Atire a primeira pedra quem nunca estudou ou ensinou mitose e meiose desenhando um montão de pauzinhos sem que essa operação tivesse o menor significado.

Agora, assista o vídeo abaixo e veja como o ensino de biologia pode evoluir se os sujeitos da aprendizagem puderem se apropriar dos recursos disponíveis em sites gratuitos como o o YouTube e depois me conta o que você acha dessa revolução.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Atendimento Vip

Se você é professor, sugiro experimentar dar aulas particulares, mas se não for, sugiro que experimente ter aulas individuais. Considero essa experiência enriquecedora porque com ela tenho a oportunidade de explorar uma caverna onde os alunos se recusavam a entrar sozinhos. Nessa tarefa costumo encontrar sujeitos com uma auto-estima fragilizada porque acreditam, firmemente, que não conseguirão acompanhar a turma ou aprender a matéria.

Em biologia isso é particularmente comum porque a entrada para o ensino médio é um divisor de águas na relação do aluno com o conhecimento científico. No Ensino Fundamental, os alunos costumam amar estudar e principalmente fazer experiências nas aulas de ciências, mas tudo muda quando são promovidos ao ensino médio: é como se o lúdico não fizesse parte da vida. A biologia passa a ser um martírio e os temas são vistos como "decoreba". Por isso, é comum receber alunos trazendo problemas que apresentam um nível de complexidade muito maior do que os instrumentos que ele dispõe.

Procuro começar o encontro com uma breve anamnese que poderá apontar alguns dos "nós" que estão dificultando a apreensão da biologiam e colaborar para que o estudante se sinta considerado e mais próximo de mim. Um acordo inicial é impressindível: "avise quando não entender algo: sempre, sem medo e sem reservas!". Assim, é possível que o aluno avise de cara: eu não sei nada. Ah como é bom ouvir isso: não que isso seja verdade, em absoluto, mas permite que o ponto de partida seja a base, porque sem ela não há como enfrentar os problemas complexos que vieram. Assim, por exemplo, se o aluno quer estudar genética e traz questões sobre eritroblastose fetal, posso começar observando imagens que "descascam" os cromossomos e mostrar a molécula de DNA, apresentando as regiões onde se localizam os genes. A partir daí, falo de Mendel e dos cruzamentos que ele pacientemente fez, sem imaginar que revolucionaria a ciência. Sigo com a mesma paciência, como quem alfabetiza, mas nesse caso estou alfabetizando para a ciência da vida.

domingo, 23 de novembro de 2008

Hábitos em prol de um sorriso saudável

Prometo fazer um vídeo pra mostrar as técnicas que uso ao escovar os dentes da Luisa, mas pela importância do tema vou tentar descrevê-las. Esse relato busca mostrar que a escovação pode ser uma tarefa tranquila, se encararmos o momento como uma oportunidade de dar atenção máxima à criança. Considerando a lição do macaquinho cantada pela Bia Bedran ou por minha doce Luisa - ver vídeo ao lado - atenção é tudo o que os filhotes querem!

Eu e minha família não temos os dentes branquinhos: alguns dos muitos dentistas que passaram pela minha vida disseram que essa característica é parte do meu biotipo e como tal deve ser aceito e respeitado. Portanto, não tenho a pretensão de transformar o sorriso da minha filha em capa de revista, mas sempre me preocupei em manter saudável cada um dos dentes de minha gatinha e sei que isso demanda disciplina. Por isso optei em transformar o hábito da escovação em um momento lúdico que deixasse saudade. Hoje a Luisa não dorme sem escovar os dentes, mesmo quando eu estou muito cansada e já estamos deitadas , ela pede: "vamos escovar os dentes, mamãe?". Aí a dor na consciência é maior do que a força da inércia.

Desde pequenininha, mesmo antes da chegada dos primeiros dentes, eu levava a Luisa comigo para o banheiro para que ela me visse escovando os dentes. Comprei uma escova para ela: era divertido vê-la me observando atenta, tentando imitar meus movimentos. Investir em escovas de qualidade tem sido uma opção porque sei que esse tipo de economia aumenta as despesas e o sofrimento no futuro. Atualmente ela tem amado as princesas da Oral B. Compro sempre duas escovas. para que ela exercite as duas mãos. Pingo duas micro gotinhas de pasta de dente sem flór e permito que ela escove sozinha enquanto eu escovo os meus dentes. Ela observa os meus movimentos e continua tentando me imitar. Quando eu termino a minha escovação, digo para ela: "agora é a mamãe". Ela entende que agora será deitada no meu colo e eu farei a escovação nos dentes dela. Fico sentada no vaso e procuro colocá-la em uma posição agradável. Como a pasta que usamos tem a figura do Cocoricó, costumo cantar a música inteira da abertura desse programa enquanto faço a escovação. Acho interessante porque a música é grande e ela espera até o final. Quando ela não abre bem a boca, espero, sem cantar, com a escova parada em frente à boca até que ela faça a abertura adequada. É muito importante não forçar, mas quando acontece de um movimento um pouco mais forte, paro assim que ela se queixa. Não forçar a barra ajudou muito no sucesso dessa tarefa.

Enquanto nos vemos pelo espelho, a observação é recíproca: esse momento é mágico! Ao tê-la em meus braços enquanto eu escovo os dentes penso em como esses momentos me escaparão: daqui a pouco ela vai crescer e eu não terei esse prazer de tê-la tão perto para cuidar, admirar e agradecer por ela ser minha filha. Além da música do cocoricó, inventamos músicas novas e rimos com as rimas tortas que fazemos.

Sei que esse invetimento não está acessível à todos. Tempo e dinheiro para comprar boas escovas e pastas pode ser considerado "um luxo". Mas quanto dinheiro e quanta dor se poupa com essa dedicação?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O cérebro do bebê e a escolha do carrinho

Veja isso: pesquisa realizada na Grã-Bretanha revela que os bebês que passam grande parte do tempo em um carrinho, de costas para os pais, têm impacto negativo na habilidade de se comunicar.
Posição de carrinho 'pode afetar desenvolvimento do bebê'

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Professor não é Babá!

Gosto de uma música do Raul que diz assim: "Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva". Ela poderia ser usada como fundo musical de uma cena pouco comum: quando o educador tem a coragem de dizer "Não! Eu não compactuo com esse modo de educar e por isso eu me demito". Ao longo dessa última década, assisti colegas professores adoecendo de ansiedade e para mim essa é uma pequena mostra de como a profissão que eu escolhi e amo representa um potencial risco ao mal do século: a depressão.

O psicanalista César Ibrahim Mussi me ensinou recentemente que a função do educador é apresentar o aluno à condição de desamparo, em outras palavras: professor não é aquele que mima. César defende que a árdua tarefa de dizer não e remeter ao aluno à incerteza é fundamental para preparar o sujeito para a vida. Se queremos "DES-ENVOLVER" o nosso educando, é preciso remover a proteção, o estado de "conforto" e remeter o aprendiz a um novo patamar onde ele busca ativamente o conhecimento ao invés de esperar por migalhas de informações como um pobre pássaro depenado que fica passivamente esperando, de boca aberta, em seu confortável ninho.

É preciso coragem para lutar contra a pulsão de morte configurada na tendência à paralisia típica das instituições de pseudo-ensino que, por medo de perder seus alunos, transformam seus mestres num bandos de babás. Os pais precisam de uma boa dose de astúcia para identificar e fugir das escolas que prometem demais: a NÃO garantia é pressuposto da educação. Por isso não dá para acreditar nas propostas que se vinculam ao temor do desamparo e não estabelecem responsabilidades ao educando. Tenho pena dos alunos mimados que não aprenderam a enfrentar a frustração e sucumbem ao medo na hora de enfrentar os desafios da vida. Esses que passam ano após ano sem aprender porque não precisaram se comprometer e assumir uma posição ativa na escola. Seus mestres, por medo, não enfrentam os problemas da falta de respeito e de compromisso. Mais preocupados com o mísero salário no final do mês, não apenas aceitam, mas com permissividade movem o moinho do despotismo.

Dignidade para o educador é admitir a sua própria miséria e condicionar a sua gestão à uma constante luta contra a inércia: não dá para aceitar aluno dormindo, brincando, brigando, exigindo prova com consulta... Des-envolver é um poderoso exercício para enfrentar a própria frustração que contagia os pares e os educandos. Isso me faz lembrar de outra música: Todos Juntos. Lembra dela? Se sim ou se não, sugiro que veja:


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Para quem gosta de morar bem e pagar pouco (mas nem tanto)

Finalmente consegui um tempinho para visitar a Mostra "Morar mais por Menos". Embora este seja um programão para os amantes das boas idéias em decoração, não tive companhia (snif). Mesmo assim foi uma experiência intensa: de caderneta na mão, procurei tomar nota das coisas que me encantavam para poder contar para vocês.

A despeito do nome, os projetos não eram tão "baratinhos" assim, mas a divulgação dos preços, de cada ítem usado, nos espaços decorados davam um ar de transparência aos projetos. Em geral, os apresentadores dos espaços esbanjavam simpatia e contavam segredinhos aos visitantes: nem precisa dizer que adorei isso! A escolha do local para a Mostra foi pensada como uma ação solidária e promoveu a reforma do Centro Educacional Pequena Cruzada na Lagoa. Uma escolha tão nobre teve um preço: os espaços amplos eram muitas vezes incompatíveis com a realidade dos apertamentos do público que realmente se preocupa com o "mais por menos". Mesmo assim, boa parte das idéias criativas podem ser adaptadas nos nossos ninhos.

O que me fez liberar oxitocina? Pequenos detalhes como a enorme xícara vermelha que servia de revisteiro, o espelho recortado em silhuetas masculina e feminina no banheiro do casal, os pontinhos de luz no quarto do recém nascido, os espelhos entre as prateleiras dando vida à uma enorme estante branca; o porta-retrato feito com fios de silicone trançado e preso com alfinetes, o uso de caixotes pintados de vermelho servindo como nichos na cozinha com a frase "você tem fome de quê?" bem ao lado, as borboletas de tecido aplicadas na parede do quarto da menina, a indescritíval cor da parede no banheiro da moça, a delicada pia rosa no banho do bebê menina e as frases pintadas à mão na lavanderia. Alguns móveis também chamam atenção como o belo armário que esconde o frigobar e a adega, as camas no quarto do menino: uma suspensa e a outra em V, a mesinha de trabalho no quarto da menina que usa vidros para deixar parte das coisas expostas acompanhada de pufs com cara de "vovó-que-fez". Neste mesmo espaço a penteadeira com pé em X encanta pela simplicidade de suas linhas retas. Os painéis também chamam atenção pela praticidade: no espaço "banho da executiva" há um belo painel feito com mosaicos de pedra sabão e no quarto de vestir foi aplicado um mosaico de porcelanato branco. Em ambos os casos, as peças são compradas em metro e é só colar! Nas paredes, muito papel, tecido e lona texturizada de PVC - muito mesmo!

Cansaram? Eu também. Espero que da próxima vez vocês me acompanhem... meus dedinhos agradecem. Se quiser, clique aqui e veja as fotos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Você sabe o que a placenta e os parasitas têm em comum?

Quanto maior o tempo e a dedicação nos estudos da biologia, mais fascinantes são as descobertas. Divido com vocês o tesouro do dia. Sabemos que a placenta é o elo entre a mulher e o feto que fornece ao filhote os nutrientes essenciais para seu desenvolvimento, mas o que eu não sabia é que ela age como um parasita para evitar ataques do sistema imunológico da mãe!

A equipe da Universidade de Reading descobriu recentemente que a placenta tem um mecanismo de dissimulação muito semelhante ao usado por lombrigas parasitas para se proteger dos ataques do sistema imunológico do indivíduo que o hospeda. Tanto a placenta como o feto têm uma composição genética diferente da mãe, por isso, eles deveriam ser vulneráveis a um ataque do sistema imunológico materno. Mas a placenta secreta uma proteína chamada neuroquinina (NKB) que contém uma molécula especial: a fosfocolina. Ela é usada por nematóides, vermes que vivem no solo e na água causando doenças, para desarmar o sistema de defesa do seu hospedeiro.

Os cientistas esperam que a descoberta ajude a explicar por que algumas mulheres sofrem abortos recorrentes e condições que oferecem grande risco na gestação como a pré-eclampsia. A idéia é aprender a imitar o método adotado naturalmente pela placenta para evitar a rejeição pelo sistema imunológico. Esse passo pode levar a avanços no tratamento de outras doenças, como a artrite.

Assim, a placenta tem ensinado aos pesquisadores a estratégia de tornar as células invisíveis ao sistema imunológico. Esses cabeçudos podem descobrir o pulo do gato para a cura de uma série de doenças. Vamos torcer!

Fonte: www.bbc.co.uk - 13.11.07






segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O que se aprende na escola?




É bonito ver uma escola envolvida com causas sociais. No Legrand, uma das tarefas da gincana desse ano foi conseguir doações de brinquedos e leite em pó. Todas as doações dos alunos foram levadas para o Instituto Fazer, uma instituição que fica bem pertinho da escola. A aluna Nathalia Cordeiro do sexto ano representou a escola e ao chegar na creche, conquistou alunos e educadores. Funcionários da creche Fazer Arte e do Instituto Fazer, com muita simpatia, apresentaram as instalações para Nathália. Em seguida, ela pôde me acompanhar na contação de histórias, auxiliando no registro e conquistando as crianças com seu carisma. Parabéns Nathália e alunos do Legrand por essa lição de solidariedade!

Tema Delicado e Urgente

Todos nós sabemos da gravidade do problema da pedofilia no Brasil e assistimos perplexos os novos casos que a mídia apresenta. Preocupada com essa questão e percebendo a lacuna que existe no campo editorial que permita aos pais e professores discutirem abertamente com as crianças, resolvi criar uma história infantil para discutir o tema com crianças, pensando em um público alvo com idade superior a 7 anos.

Nesse momento estou envolvida com a busca de uma editora para ampliar o alcance dessa mensagem, transformando-a em um livro com um belo projeto editorial. Caso você também tenha interesse por esse tema, especialmente por essa história e queira dar uma força para esse projeto, gentileza fazer contato.

Clique aqui para conhecer a história de Luana.

Enquanto o livro não sai do mundo dos sonhos, sinta-se a vontade para reproduzir o pdf e discutir a questão com seus filhos ou alunos.

sábado, 1 de novembro de 2008

Produção de Jogos:: Ecologia no Vestibular

Para estimular o aprendizado da ecologia, lancei um desafio para os meus alunos do ensino médio: eles deveriam criar jogos, usando como referência algumas questões de vestibular que tratam o tema. Assim, a turma de segundo ano foi dividida em grupos para realizar as etapas da pesquisa que incluiu seleção das questões, leitura cuidadosa e adaptação das mesmas para a elaboração do projeto. Cada grupo escolheu livremente uma modalidade de jogo compatível com o tema tratado. Os autores também elaboraram as regras do jogo, uma caixa temática para guardar o material produzido e um banner publicitário para expor seus produtos na mostra cultural da Escola Parque-Barra.

Após a conclusão do trabalho, os alunos do terceiro ano testaram os jogos e forneceram um parecer sobre cada produto analisado. Os autores dos jogos receberam o parecer dos colegas e tiveram a oportunidade de aperfeiçoar os trabalhos. Em seguida, os alunos do segundo ano também testaram o próprio jogo e os jogos dos colegas. Durante a Feira da Cultura, os jogos receberam uma atenção especial dos visitantes. Na mesma sala onde eles foram expostos, haviam jogos produzidos por alunos do ensino fundamental promovendo uma integração entre os dois segmentos.

Pude observar que através dos jogos os alunos do terceiro e do segundo anos se sentiram motivados ao trabalhar com essa metodologia que associa o lúdico com o pedagógico. Através dos jogos foi possível dinamizar as aulas e criar uma atmosfera para o aprofundamento no estudo da Ecologia. Tal experiência sugere que no ensino médio também é possível sair da rotina!

Feira de Promoção da Saúde

O dia da Promoção da Saúde no Colégio Legrand foi um momento para descobertas e reflexão sobre hábitos saudáveis. As turmas de ensino médio e fundamental e seus professores se empenharam para trazer para a escola especialistas e informações ligadas à promoção da saúde. Nesse dia especial, contamos com a visita de alguns pais que vieram prestigiar os trabalhos de seus filhos visitando a exposição ou participando ativamente, ministrando palestras ou oferecendo assessoria técnica aos nossos alunos. Vida longa a esse belo projeto!
 
 
 
 
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Para quem um dia visitará Belo Horizonte clique aqui...

sábado, 25 de outubro de 2008

MPBaby

Eu já escrevi aqui sobre as possibilidades da internet como recurso pedagógico. Atualmente estou orientando um trabalho sobre a abordagem da Evolução nos vídeos do YouTube. Em uma dessas navegações encontrei pérolas que encantam crianças e adultos que apreciam clássicos infantis. O projeto é apresentado assim:

Utilizando a mesma trilha sonora dos CDs, agora com videoclipes em desenhos animados, os DVDs da Coleção MPBaby divertem e educam através de enredos que evocam temas importantes para a vida dos pequenos, como a amizade, a tolerância ou mesmo as dificuldades da hora de dormir.

Assista um deles e se ficar com água na boca, clique aqui para assistir todos os outros.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Parto Natural

Caro leitor,

Desculpe o momento corujice de esposa, mas preciso mostrar como o Luis é talentoso:

http://blogln.ning.com/photo/photo/show?id=2189391%3APhoto%3A41731

Espero que goste!

sábado, 18 de outubro de 2008

Sinópse da aula do "Eugênio"

O que é normal e o que é natural quando se fala em parto? Essa foi uma questão proposta na última aula do curso "Ecologia do Parto". Sob a luz de Wilhelm Reich refletimos os padrões de normalidade no ato sexual e no parto e no impacto do medo na capacidade de entrega nas duas situações.

Coincidência ou não, na terça passada eu e Luis fomos ao cinema conferir o novo filme de Isabel Coixet "Fatal" (Elegy - USA - 2007). Voltei para casa ruminando cada cena, pensando nos boicotes que ando fazendo por medo. O medo que dificulta a aprendizagem dos velhinhos que se inscrevem nos cursos de informática é o mesmo medo de amar que projeta me outra realidade: fantasia!

De volta à aula de ontem, ouvi sobre as civilizações que desenvolveram a couraça ao conviverem com situações de escassez como a fome ou climas rigorosos. Em contrapartida, aqueles que vivenciaram a abundância tornaram-se mais vulneráveis nas guerras, exatamente pela ausência da couraça. Tranquilidade demais, assim como o excesso de excitação podem ser igualmente nocivos.

O que tudo isso tem haver com o ato de partejar? A hipótese proposta é que se o profissional que acompanha a gestante é capaz de experimentar aquilo que Reich chama de "sensação de órgão", ou seja, se ele experimenta o que a gestante sente, é possível que essa mulher se liberte de algumas couraças que dificultam o parto. Dito de outra forma, para que no momento do parto ela consiga se entregar à experiência e liberar a ocitocina necessária, ela deve se livrar de parte dos medos. Assim, ela se torna ativa o suficiente para assumir o seu papel de protagonista no momento do parto. Talvez assim, a mulher assuma uma posição menos submissa - ao marido, aos padrões sociais ou à equipe que a acompanha - no parto e em outros momentos decisivos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um profissional caro

"Um professor sempre afeta a eternidade. Ele nunca sabe onde a sua influência termina."Henry Adams


Ao receber essa mensagem hoje fiquei pensando nas razões que tornam o professor um profissional ímpar. Talvez seja porque a arte de educar envolva a formação de pessoas, a construção de saberes, afeto e valores.

Mas no mercado educacional contemporâneo, não basta saber e gostar de ensinar: é preciso ter o "perfil". Infelizmente não tenho a explicação para esse termo. Mas defendo que a história de uma escola é construída principalmente pelos educadores que dela fazem parte. Os alunos, que todos os anos nos inspiram, mudam, mas os professores ficam (ou deveriam ficar), de preferência vestindo a camisa da instituição. Algumas escolas já entenderam isso. Na minha cidade natal, Belo Horizonte, é comum que as escolas de ponta estampem nos out-doors o rosto de seus professores. É como se essas escolas dissessem: "esses educadores incríveis são nossos - venham aprender com eles".

Me parece que o "casamento" seja uma boa metáfora para a relação professor-escola: sempre haverá um substituto para o seu cônjuge que aparentemente é mais atraente, simpático, generoso... mas é com o seu cônjuge que você constrói uma história. Da mesma forma que no casamento, a constante troca de parceiros impede a tecitura de uma narrativa, até porque os altos e baixos são inevitáveis em uma relação, mas ela pode ser mantida com a certeza de que aquela união não foi feita por acaso.

"Quais são as razões que nos une?" Penso que essa é uma pergunta a ser feita entre o gestor da escola e cada um de seus professores. "O que fazer para valorizar o profissional que educa?" Essa também é uma pergunta bem-vinda, especialmente hoje.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Explorando os corpos

A exposição do corpo humano é imperdível para os que se consideram amantes da biologia. Na técnica de conservação está impressa a paciência e a coragem de quem ousou perpetuar as características dos mortos para a contemplação dos mortais. Ao percorrer a exposição com os alunos da Escola Parque, vi rostos perplexos, admirados, curiosos e interessados. Bom seria se todas as aulas de biologia despertassem tanto prazer! Afinal, somos educados para admirar o novo e nem sempre a escola acompanha essa sede de novidades. Mas pelo menos podemos explorar novidades como essa de vez em quando!

Que tal fazer um tour pelos corpos expostos através da percepção dos meus queridos alunos do segundo ano do ensino médio:

"Adorei! Foi super educativo, lúdico e fascinante. Uma forma de auto-conhecimento, ver aqueles vasos sanguíneos montados tão harmoniosamente me impressionou e ao mesmo tempo revelou a fascinante estética e funcionalidade trabalhado conjuntamente. É uma obra de arte pertencente à natureza, a principal artista, que está dentro de cada um de nós." J.S. (fem.)

"Maravilhoso! Foi muito interessante. Aprendi muito com tudo. O que eu mais gostei foi de ver os vasos sanguíneos e os fetos". C. (fem.)

"Adorei o museu, achei muito interessante e muito educativo, além de ser uma experiência única". J.L. (fem.).

"Eu fiquei espantado e ao mesmo tempo encantado com o corpo humano e todos os seus detalhes. Também fiquei um pouco enjoado". D.F. (masc.)

"Espantoso!" Você saber que tudo aquilo está dentro de você, dá até um certo medo! É tudo tão perfeito! É lindo e é tudo interligado. Aprendi bastante." F.V. (fem.)

"Eu fiquei muito surpreso e admirado com o que eu pensava impossível de acontecer que era uma representação dos corpos daquela forma. Fiquei muito feliz por ter tido essa grande oportunidade". D.L.V. (masc.)

"Eu senti nojo e ao mesmo tempo fiquei impressionado". M. (masc.)

"(Senti) uma tristeza desolada ao ver o rosto do falecido, com olho fechado, como se estivesse dormindo, mas o que restava nele, uma fatia, sendo exposta". D.S. (masc)

"A visita ao Museu (Histórico Nacional Rio para conhecer a exposição) do Corpo Humano foi incrível (...). É uma nova forma de conhecer o corpo sem o uso de computação e televisão. A única coisa que choca mais é o fato de os corpos serem de verdade. T.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Prazer em dose dupla

A sessão seguida de debate com o filme Parto Orgásmico (Orgasmic Birth Documentário. Estados Unidos, 2007. 87min) foi uma experiência excitante. Mais pelo debate, devo confessar! Não que o filme seja ruim, pelo contrário. Ele é dirigido por Debra Pascali-Bonaro, uma doula sonhadora que resolveu mostrar para as pessoas que existem outras opções além de um parto com inúmeras intervenções como costuma ocorrer nos hospítais.

As primeiras cenas do filme são realmente encantadoras: um casal namora no jardim, pouco antes do nascimento do seu filho, experiência essa que acontece no deck da piscina. Na maioria dos partos apresentados, as mulheres estão em casa, ao lado de seus companheiros, mas ao mesmo tempo, em outro mundo. Elas se comportam como quem vivencia um momento de êxtase sexual. Mas no filme também estão presentes as experiências hospitalares: a indução do parto e o monitoramento fetal são apresentados como práticas que elevam a incidência dos partos cirúrgicos. As entrevistas com esses pais que tiveram seus filhos nessas condições escancaram a submissão de quem tudo aceita em nome do bem estar da mulher e do bebê.

Entre um parto e outro, ouvimos diversos especialistas: educadores perinatais, obstetras, pesquisadores e parteiras. Enquanto eu ouvia essas profissionais e assistia a atuação delas (no filme, a maioria dos partos orgásmicos eram realizados por parteiras) fiquei me perguntando se a extinção dos cursos de parteiras não seria uma forma velada de corporativismo médico. Além disso,também me incomodou a ausência de Michel Odent no filme. Sobretudo nas cenas em que eu ouvia os especialistas transmitindo idéias que certamente aprenderam com ele.

O filme termina e a platéia que lotava a sala do Centro Cultural de Justiça Federal aplaude com entusiasmo. Em seguida, o debate que conta com as presenças da diretora, de Dafne, representando o Ministério da Saúde, de um representante da classe médica Ricardo Jones, de Heloisa Lessa, representando as enfermeiras obstétricas e da Fadinha, que representava as doulas. Evidentemente nenhuma parteira estava presente.

As apresentações dos membros que compunham a mesa foi breve: Debra apenas agradeceu por seu filme ter sido selecionado em um festival tão importante; Dafni falou das políticas públicas que contribuem para diminuir os casos de cesariana na rede pública; Ricardo defendeu que a humanização não pode ser uma "modinha da classe média"; Helô lembrou que as mulheres que se submetem aos partos em casa nos grandes centros são consideradas loucas e que o tratamento dado aos profissionais que fazem esse trabalho também é pejorativo e a Fadinha contou uma experiência recente com uma gestante que vivenciou um parto orgásmico.

Eu aproveitei aquele momento oportuno para esclarecer algumas coisas que me intrigaram durante a sessão. Para a Debra perguntei se a ausência de Odent no filme se devia ao fato de ultimamente ele defender que a presença do pai no momento do parto pode inibir a liberação da ocitocina, o hormônio do amor que apresenta um papel fundamental no momento do parto. Considerando que a presença do pai no filme é um dos eixos centrais do filme, é possível que a figura de de Odent destoasse daquele contexto. Entretanto, ela afirmou que Michel Odent foi entrevistado mas a qualidade das imagens não permitiram que elas fossem incluídas. Como não havia orçamento suficiente para repetir a entrevista, ele ficou de fora. Já para a Dafni perguntei sobre as ações do governo para reverter a extinção dos cursos de parteiras. Ela afirmou que o governo superou o modelo americano ao eliminar os cursos de parteira nos anos 70. Segundo ela, o Ministério da Saúde tem capacitado as parteiras tradicionais - é assim que as profissionais que não tem diploma de médico ou enfermeira obstétricas são chamadas.

Fiquei ruminando essas duas respostas. No caso de Debra, a falta de qualidade das imagens não explica pois haviam outras cenas que não podem ser consideradas cinematográficas e mesmo assim foram mantidas. E considerando a proposta do filme, a relevância das idéias prevalece sobre a qualidade técnica. Mas no caso das políticas públicas é absurdo perceber que o governo apoia as parteiras, desde que elas atuem nos rincões do Brasil, onde não é conveniente a atuação dos atuais detentores do poder de partejar. O que aconteceria a essas parteiras se elas resolvessem atuar nos grandes centros? Penso que se elas tivessem essa ousadia ampliaríamos a incidência de partos orgásmicos no Brasil!

domingo, 28 de setembro de 2008

Dando asas à solidariedade

Ontem foi um dia muito especial. Acordamos cedo, mas nem tanto e fomos para o play do Condomínio Morada do Sol. Algumas crianças já aguardavam para o início do "Dia das Crianças Solidárias". Eles chegavam com um prato de quitutes e um pacote de presente - ou uma sacola de brinquedos e roupas. Dois músicos - Rogério e José Carita - afinavam os instrumentos enquanto preparávamos as mesas com as delícias que iam chegando. Aos poucos, as mães encontravam um lugar na roda e com seus filhos no colo, cantavam lindas canções infantis. Entre uma música e outra, novos sorrisos e palavras de encorajamento para as pessoas que promoveram o evento. No final da manhã, quando as doações superaram todas as nossas expectativas, retornamos para casa com a deliciosa sensação de pertencer a uma comunidade do Bem.

Semana da Promoção da Saúde - Legrand

 
 
 
 
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mulheres que podem ser mães em tempo integral: benditas sois vós

A maioria das mulheres do meu convívio são, como eu, mães e profisisonais. Elas saem bem cedinho e voltam para casa no final do dia. Para as que chegam mais cedo, restam tarefas domésticas ou, caso sejam professoras, terão uma longa jornada de planejamento de aulas, correção provas... Mas o que interessa é que elas são consideradas dentro do padrão: trabalhar fora é um dos dogmas da nossa contemporaneidade. É evidente que a questão econômica pesa nessa decisão, mas se é possível manter as necessidades básicas com o que um dos dois ganha, porque não priorizar o desenvolvimento cultural, físico e emocional dos filhos? Quem conhece uma instituição capaz de imprimir em uma criança a identidade e os valores da sua família?

Mesmo assim, poucas mulheres que eu conheço, aliás pouquíssimas, optaram por atuar em casa cuidando dos filhos. Menor ainda é o grupo dos homens que resolvem ficar em casa com a nobre função de educar. Nesse seleto grupo, há sempre uma necessidade por parte de quem fica, de buscar tarefas ligeiramente lucrativas para se sentirem um pouco menos "dependentes" e "culpad@s". Mas afinal, assumir o papel de cuidar dos filhos em tempo integral não é suficientemente nobre? É evidente que esse papel não exclui a possibilidade de crescimento intelectual e cuidados pessoais, mas eu não entendo o que move essas pessoas para fora de casa, considerando que há casos de mães (principalmente) que ganham menos do que pagam pela creche de seus filhos.

Por mais exaustivo ou maravilhoso que seja um dia de trabalho, o momento mais árido do meu dia é quando eu ouço a minha filha me chamando de manhã enquanto eu estou me arrumando para sair. Eu adoraria permanecer ao lado dela, preparar-lhe o café da manhã, brincar, ler, fazer dormir, dar broncas, ensinar coisas novas. Mas ao contrário de tudo isso, não a vejo durante o dia todo. Não sei com quem ela brincou, quem a fez chorar ou sorrir, o que ela descobriu naquele dia e como ela ainda não fala fluentemente, não tenho como perguntar: como foi o seu dia?

Benditas são as mulheres que não precisam sair pela manhã ao som do choro de seus filhos chamando "mamãe". Mais felizes ainda são aquelas que podem contar com uma estrutura econômica e emocional para fazê-las seguras de que o papel que escolheram, conscientemente, significa muito e que por isso, deveriam ser valorizadas em grande medida por seu companheiro e pela sociedade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Celebrando a vida

A vida não teria a menor graça sem as pessoas queridas. Isso explica a necessidade que temos de reunir os amigos no dia do aniversário. Nada melhor para massagear o ego do que a sensação de ser querid@. Melhor ainda é quando olhamos para os rostos iluminados por uma única vela e ter a clareza do quanto essas pessoas são importantes. A vida me presenteou com pessoas talentosas e sensíveis: minha mãe, meu marido, minha filha e todos os demais amigos. São eles que me fazem querer a vida com todas as suas nuances: quando está "tudo azul", tenho companhia para brindar; mas quando a sombra se aproxima, eles me fazem sentir que não estou sozinha.

Quero viver pelo menos 100 anos, lúcida e saudável, pra desfrutar da riqueza de poder ouvir muitas e muitas vezes: "Feliz Aniversário"!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Especialistas em Educação

Ao analisar, com uma querida amiga que mora nos EUA, as questões do último ENEM e do vestibular da UERJ nos perguntamos: o que os avaliadores querem dessa moçada que tenta desesperadamente um lugar ao sol?

Lembramos que enquanto eles preparam suas brilhantes questões, os nossos políticos querem fazer mudanças decisivas no currículo das escolas. Afinal, a especialidade desses também é a educação. A prova disso é a sugestão de um deputado: acrescentar seres vivos na biologia. Um gênio! Melhor ainda é a brilhante idéia de manter os alunos na escola por 16 horas, claro que isso sem contratar novos professores e sem nenhum tipo de preparação especial da escola. Afinal, aumentar a quantidade de horas sempre foi a solução para os nossos problemas. Veja os avanços que tivemos após a exigência das 200 horas! A nossa esperança é que um dia os eleitos aprendam a lição do granjeiro científico de Rubem Alves: o que importa não é a quantidade dos ovos; o que importa é o que vai dentro deles!

A certa altura minha amiga falou de um colega que é professor de educação física na América: brasileiro casado com uma americana há 12 anos e só esse ano conseguiu entrar para a escola pública, ganhando muito pouco. Ao que parece, minha profissão é desconsiderada no globo todo. Talvez isso explique em parte os nossos problemas sociais e políticos.

Eu e minha amiga nos perguntamos quando tudo isso começou. Terceirizar a educação de berço para a escola é algo muito recente na nossa história. Ao mesmo tempo em que cabe ao educador preparar para a vida, observamos que os alunos e professores estão cada vez mais distantes. Alguns não se olham ou se falam quando se encontram na rua.

A minha amiga lamenta o enorme desrespeito com o professor e a escola no Brasil, mas como poderia ser diferente? Não se ensina aqui a valorizar esse profissional ou esse espaço. Quando o governo remunera vergonhosamente os seus educadores ele ensina que esses profissionais não têm grande valor. Recentemente visitei uma escola onde a sala dos professores é menor do que o banheiro da minha casa. Tudo era amontoado e sujo. Eu não me contive e perguntei ao diretor: você acha que essas condições ensinam o que para os alunos? A lição que eles aprendem é: "Estude, faça cursos de especialização e comece a dar aulas porque essas serão as condições de tratamento que você receberá!

Concluímos que não é só uma questão econômica. Na nossa contemporaneidade os professores sofrem constantes ameaças. Uma das mais comuns é o risco de ser processado. Para prevenir esse tipo de problema é comum que as escolas ofereçam no início de ano os cursos de "boas maneiras", principalmente para trabalhar com as crianças. Em alguns países, o professor não pode ficar sozinho com o aluno em nenhum momento, devendo procurar a companhia de uma assistente caso precise levar a criança ao banheiro.

Felizmente, eu e minha amiga ainda estamos em período reprodutivo e que bom que os professores podem ter filhos! Assim, pelo menos pontualmente, podemos mudar a história ao estimular a capacidade de amar, inclusive seus professores.


* Texto inspirado (recortado e colado) no bate-papo de hoje com a talentosíssima Érica. Ela está nos EUA acompanhando o marido, mas é impedida de exercer qualquer atividade - estudar, inclusive - por causa das restrições de seu visto. Certamente os autores dessa lei dialogam com os nossos políticos e avaliadores.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Vamos dar uma forcinha?

Queridos todos

No sábado, AMANHÃ, entra no ar no site do Globinho a votação para a matéria de capa da semana seguinte. Nós, da Oficina de Celular da Mostra Geração, estaremos concorrendo. Precisamos que TODOS, inclusive os nossos amigos, parentes e etc votem na matéria sobre a nossa oficina. Por favor peçam a todos para VOTAREM no seguinte blog

www.oglobo.com.br/bloguinho

mas atenção: essa votação só fica no ar até domingo

agradeço antecipadamente
bjs
Felicia Krumholz

Crianças Solidárias

No próximo dia 27 faremos um café da manhã no meu condomínio para que as crianças daqui tenham a oportunidade de exercer um pouco de solidariedade. As mães que vivem se queixando de não ter onde colocar tantos brinquedos podem se sentir aliviadas: essa é a hora de selecionar coisas interessantes para presentear as crianças menos privilegiadas do que os nossos filhos. Além disso, poderemos nos fartar com os quitutes dos vizinhos: cada um deve levar algo para o café da manhã. Quem acordar de ressaca ou não se sentir inspirado para preparar um bolinho autoral pode levar um pão francês quentinho: ninguém irá se queixar! O importante é que esse momento seja único, como foi o nosso "Natal Solidário" - ah que saudade!
Picasa Web Albums - Luis Santos - NATAL SOLIDÁRIO
Quem quiser fazer parte dessa celebração é só enviar uma mensagem "comentário" e aparecer com um quitute e um brinquedo para ser doado. Quem se animar pode também promover um dia desses na sua comunidade e me convidar. Quanto mais festas como essas, mais os nossos filhos aprenderão que ser solidário faz bem!

* PS. As doações das nossas crianças irão para o Instituto Fazer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Como os Animais

Durante a abertura do Seminário que aconteceu no mês passado em Belo Horizonte: BH pelo parto Normal, Michel Odent defendeu que a prioridade hoje é MAMIFERIZAR o parto." Para construir essa tese ele se baseia em quatro princípios:

1º) A ocitocina é um hormônio "tímido" que desencadeia a contração uterina. Os fatores ambientais são determinantes na liberação desse hormônio: dificilmente ele pode ser liberado entre estranhos e observadores.

A ocitocina, também chamada de hormônio do amor, é importante nas relações sexuais, sendo que o par precisa liberar o hormônio para acontecer a relação. Assim como o sexo, o parto requer, normalmente, isolamento e intimidade, havendo apenas a presença dos envolvidos. Mesmo em relações grupais, as pessoas buscam um espaço em que se sintam seguras.

Instantes pós-parto a mulher libera o seu mais alto nível de ocitocina da vida. É o maior pico de hormônio do amor da vida da mulher. Nenhum orgasmo pode liberar quantidades tão altas! Essa grande liberação hormonal ajuda no não sangramento da placenta. A mãe precisa do bebê pele a pele, cheirá-lo e ter forte contato para liberar este pico vital de ocitocina. Essas informações servem àqueles que dão assistência ao parto para se descobrir quais as reais necessidades da mulher ao parir.

No Reino Animal, a regra é as fêmeas se recuem para um local em que fiquem isoladas e seguras sem que sejam observadas durante o parto. Nos grupos humanos mais remotos, as mulheres se isolavam para dar à luz. Nas comunidades as mulheres buscavam as "cabanas" de partos que ficavamem locais isolados onde todas davam à luz. Sempre houve a separação do grupo para parir, mas não muito longe de suas mães ou de outra mulher experiente que pudesse protegê-la de animais que pudessem estar por ali - em geral, não temos vergonha de nossas mães, por isso a ocitocina pode ser liberada na presença delas. Essas mães/mulheres são as precursoras das parteiras. Veio a socialização do parto. A parteira passou a existir e se tornou uma agente, uma guia da parturiente, e não uma observadora silenciosa. Muitas vezes elas agem de forma invasora, ensinando a mulher o que fazer. As mulheres passaram a dar à luz em ambientes domésticos. Ensinar a parir é falta de compreensão de como funciona a ocitocina. A mulher precisa apenas não se sentir observada e pressionada. Em toda a história houve a exclusão dos homens da cena de parto. Já no século XX houve a masculinização do cenário de parto, e em especial, na década de 70 entra o pai para a cena.

2º)O hormônio adrenalina impede a liberação da ocitocina em mamíferas. Adrenalina é o hormônio da urgência, que prepara o corpo para agir.

Para deixar a ocitocina fazer o seu trabalho de parto é necessário músculos relaxados e não energia, carboidratos e glicose. Quando uma mamífera se retira para parir e se sente segura, o hormônio do amor faz o seu trabalho. Entretanto, se ela percebe um perigo, um predador, imediatamente há liberação de adrenalina e seu trabalho de parto é eficientemente interrompido para que seu corpo seja capaz de fugir. Só então quando se sentir segura novamente, voltará ao trabalho de parto. A fisiologia seria ineficiente se ela tivesse que correr com o filhote descendo pela vagina, por isso pára tudo quando há sinal de perigo.


3º) Comparadas a outras mamíferas, as humanas têm partos difíceis e longos. Isso se dá pelo córtex desenvolvido que temos. O cérebro do intelecto, a área
cerebral responsável pela racionalidade, é uma deficiência durante o trabalho de parto. As inibições à ocitocina vêm desta área cerebral, tanto para o
sexo quanto para o parto. Para o bom parto, o córtex tem que parar de funcionar, relaxar. É por isso que muitas mulheres esquecem o que está acontecendo em sua volta durante o parto e são pouco polidas, ficam de quatro, se comportam como se estivessem em outro planeta. Tudo isso significa que o córtex diminuiu sua atividade.

Por isso não se deve estimular o córtex, o campo racional da mulher durante o parto.
Principais estímulos: linguagem. Dos mais fortes estímulos. O silêncio é o maior aliado do parto. Luz. Imagens visuais em geral. Por isso menos luz.

4º) Eliminar tudo que é humano: crenças e rituais que interferiram com o processo de parto. É preciso sair dos efeitos desses rituais. Um exemplo: a separação de mãe e filho em vários momentos da história da humanidade. Em tempos de não civilização, as mulheres pariam e o bebê era levado ao chefe/líder da tribo para uma preparação ou avaliação da criança para depois se integrar à comunidade. Em tempos atuais, o bebê nasce e vai para as mãos do pediatra que faz o mesmo que seus primórdios, avalia se o bebê pode viver na comunidade, e o prepara para tal. Em um momento da descoberta do parto natural, houve a conduta de passar o bebê ao pai assim que nasce para que eles iniciem um vínculo afetivo mais precocemente. Em todas as situações, em diferentes lugares e tempos, é conduta HUMANA separar mãe de bebê. Essa conduta deve ser dispensada, assim como tudo
que é humano.

Fechando a palestra: o neocórtex tão avançado que o homem desenvolveu torna o hormônio do amor inútil. E qual é o rumo desta sociedade?

* Adaptado de http://www.ibfan.org.br/noticias/noticia.php?id=329.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Um dia para ser lembrado

O dia 5 de setembro é um dia especial para pensarmos na Amazônia: um monstro de cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados. Calcula-se que só a parte brasileira possua 3 milhões e meio de quilômetros quadrados de densa floresta tropical. Considerando que na natureza, diversidade é sinônimo de riqueza, a Amazônia é um patrimônio e tanto!



Certa vez, uma amiga que acabava de voltar de sua lua de mel na Amazônia (claro que ela e o marido são biólogos), me disse que enquanto esteve lá precisou falar inglês o tempo todo. Pensei no significado dessa invasão estrangeira. Nada contra a moçada do bem que vem ao país com o "puro" desejo de pesquisar, desde que os pesquisadores brasileiros e os nativos estejam lá também, de preferência sendo a maioria e preservando a sua língua e cultura, com condições dignas de trabalho e desenvolvimento local.

Para manter o potencial genético e cultural e garantir o equilíbrio e a continuidade das florestas da Amazônia, além de sua incrível rede pluvial, é preciso que cada brasileiro tome para si a responsabilidade de conhecer esse ecossistema e acompanhar as ações que colocam em risco suas altas e densas florestas.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Atendendo a um pedido especial

Hoje recebi um pedido simpático: divulgar aqui as informações da Mostra Geração. Tenho acompanhado a bastante tempo o trabalho da Felícia e de seus colaboradores e sei o quanto iniciativas como essas colaboram para que a sala de cinema seja um lugar para aprender e fazer amigos. Por isso, é com prazer que divulgo esse evento e espero encontrar com vocês nas sessões de professores e, principalmente, nas dos alunos.

Segue o convite:


É chegada a hora!
O Festival do Rio se aproxima e a Mostra Geração, seu segmento infanto-juvenil, vem trazendo uma programação bastante variada.
Serão muitas atividades acontecendo, todas elas refletindo o nosso cuidado em promover o diálogo entre a sala de aula e a sala de cinema.
Por isso mesmo, realizaremos uma apresentação da Mostra Geração em uma sessão especial para educadores. Neste encontro, os professores poderão conhecer os filmes selecionados e as oficinas que serão oferecidas. E ainda exibiremos o filme inédito de Paulo Caldas, Deserto Feliz.
O evento será no dia 30 de agosto, as 09:30, na sala 3 do Espaço de Cinema, que fica na rua Voluntários da Pátria, número 35, em Botafogo.
A entrada será gratuita para professores que apresentarem documento profissional.
As vagas são limitadas. Garanta a sua participação através do telefone: 2539-6142.
Esperamos por você!
Até lá,

Equipe Mostra Geração.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Impactos sociais da gravidez na adolescência: pensando no futuro

Hoje quero apresentar algumas reflexões realizadas durante uma aula na minha turma do nono ano - ensino fundamental. Comecei entregando para a turma duas tabelas. Em uma delas havia uma relação de "coisas para o bebê" e os alunos deveriam classificar essas coisas como: fundamentais, importantes ou dispensáveis. Precisei explicar o significado de três ítens analisados: enxoval, pré-natal e estímulo. Dúvidas como essas confirmaram o quanto era oportuno discutir esse tema nessa turma. A segunda tabela apontava algumas necessidades dos adolescentes e os alunos também precisavam classificá-las, usando o mesmo critério da tabela anterior. A idéia dessa atividade é mostrar ao jovem como as prioridades de uma criança muitas vezes se chocam com o momento de formação vivido na adolescência.

Logo no início da discussão, uma das alunas levantou a lebre: os pais ficam bravos ao tomar ciência da gravidez, mas depois acabam se apaixonando com a criança. Nesse momento, aproveitei para falar com a turma sobre um estudo canadense que comparou índices de criminalidade e doenças crônicas entre dois grupos de indivíduos que ficaram órfãos de pai: o primeiro grupo durante a gestação e o segundo grupo entre o nascimento e o primeiro ano de vida. Esse estudo revelou que o risco era consideravelmente maior para os indivíduos que perderam o pai enquanto ainda estavam sendo gerados. Os dados desse trabalho sugerem que aquela antiga idéia de não contrariar as mulheres grávidas faz sentido.

Ora, se é verdade que podemos prevenir crimes e doenças graves ao garantir que as mulheres estejam emocionalmente bem enquanto gera o seu filho, não basta que a família aceite a criança após o seu nascimento. Foi interessante pensar junto com os meus alunos sobre os impacto social gerado pelo sofrimento das adolescentes grávidas que enfrentam as brigas na familia, a ausência de seu companheiro e/ou a falta de dinheiro para custear a gestação e o nascimento de seu filho. Concluímos que os adolescentes devem sim cuidar para que a gravidez não ocorra, mas como o risco é real, o apoio e a proteção das gestantes, independente de sua faixa etária, são fundamentais.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Sugestões de livros deliciosos para Crianças que ainda não sabem ler

Presentear com livros é o máximo! Eles fascinam, ocupam pouco espaço e colaboram para que aquelas miniaturas de seres humanos fiquem ainda mais interessantes. Mas quem já visitou uma livraria ou feira de livros sabe que essa escolha não é uma tarefa fácil. Por isso, seguem algumas pérolas que eu tenho encontrado ao visitar as bibliotecas à procura de histórias tão incríveis quanto as crianças que me ouvem contá-las:

> A TOALHA VERMELHA de Fernando Vilela Ed. Brinque-Book, R$ 35.
Uma toalha vermelha cai da jangada de um pescador, no Nordeste brasileiro. A partir daí, faz uma longa viagem entre peixes, baleias, tubarões, mergulhadores e plantas aquáticas. Ela atravessa o mundo e vai parar na China, onde é fisgada pelo anzol de um pescador. Tudo contado exclusivamente por imagens. As crianças vão experimentar o gostinho de uma travessia subaquática e de explorar a fauna e a flora marinha.
> A PARTIR DOS 3 ANOS.

> QUEM QUER ESTE RINOCERONTE? de Shel Silverstein Ed. Cosac Naify, R$ 39.
Um menino pergunta quem quer um rinoceronte e, a cada página, enumera várias de suas utilidades. No final, revela suas maiores qualidades: o animal é um grande amigo, companheiro e muito fácil de se amar. Há o nonsense na medida de Silverstein, quando o menino diz adorar usar o animal como abajur e brincar de tubarão. O texto é formado por rimas e frases curtas e, em todas as páginas, há desenhos em preto e branco feitos pelo autor. Os leitores podem identificar intensos sentimentos de amor e amizade. > A PARTIR DE 5 ANOS.

> CLARA de Ilan Brenman e ilustrações de Silvana Rando Ed. Brinque-Book, R$ 26,50.
Assobiar como o tio, dançar como o avô e mergulhar na piscina como o irmão são algumas das coisas que Clara quer fazer quando ficar maior. O livro expressa o desejo das crianças de crescer e mostra como os mais velhos, em atitudes cotidianas e despretensiosas, tornam-se referências no universo infantil. Aos pais, revela a importância de dar bons exemplos, mas de um jeito divertido. O melhor: neste mês, chega às livrarias Gabriel, o irmão de Clara.
> A PARTIR DE 4 ANOS.

> MENINA DAS ESTRELAS de Ziraldo Ed. Melhoramentos, R$ 59.
Ziraldo traça um perfil das meninas, abordando a infância e a passagem para a adolescência. O heroísmo dos pais, a cumplicidade entre amigas, o interesse pelos meninos, nada passa batido aos olhos deste mestre da compreensão e síntese do universo infantil. As ilustrações, do autor, são bastante expressivas e enriquecem as caracterizações. Para meninas compreenderem melhor seu universo. Ele vem numa lata e acompanha uma camiseta.
> A PARTIR DE 6 ANOS.

> MORCEGO BOBO, de Jeanne Willis e Tony Ross Ed. Martins Fontes, R$ 34,50.
Na floresta, um morcego é visto por outros animais como louco. Pudera! Para ele, que passa muito tempo pendurado, o céu fica lá embaixo e o chão, no alto. O guarda-chuva, ele usa para manter os pés secos. Os animais, incomodados com tamanhas incoerências, chamam a sábia coruja para examiná-lo. E ela revela: ele apenas enxerga as coisas por outro ângulo. A diversão acontece quando a criança tem de virar o livro de ponta-cabeça. As ilustrações são fundamentais para o vira-vira da história
> A PARTIR DE 3 ANOS.

> TODA CRIANÇA GOSTA de Beatriz Bozano Hetzel e ilustrações de Mariana Massarani Ed. Manati, R$ 38.
Neste livro, os pequenos leitores se deparam com coisas de que toda criança gosta: um segredo cochichado no ouvido, muita farra e confusão, arco-íris, cambalhotas, sair pra passear, ter uma história predileta, ganhar beijo de boa-noite. As ilustrações são grandes, coloridíssimas, bem-humoradas e – por que não? – até extravagantes, cheias de crianças de muitos tipos. Um livro para a garotada se encontrar com suas delícias preferidas e descobrirem outras tantas.
> A PARTIR DE 3 ANOS.

> A CASA DOS BEIJINHOS de Claudia Bielinsky Ed. Companhia das Letrinhas, R$ 39,50.
Um bebê cachorro quer ganhar beijinhos. Procura alguém nos ambientes de casa, mas só encontra animais, cujos beijos lhe causariam estranhezas. Em dado momento, encontra os pais, com seus tão deliciosos beijinhos. Para ajudar o cãozinho a encontrar os possíveis beijoqueiros, os leitores precisam erguer recortes de papel reforçado. É um livro-brinquedo resistente, que tem todas as páginas em capa dura.
> A PARTIR DE 8 MESES.

> SEU SONINHO, CADÊ VOCÊ? de Virginie Guérin Ed. Companhia das Letrinhas, R$ 42.
Neste livro-brinquedo, um jacaré não consegue cair no sono e sai pela floresta, gritando por todos os lados: “Seu Soninho, cadê você?”. Além de não achar Seu Soninho, ele incomoda vários animais. Até que todos resolvem cantar uma canção para ele dormir. As ilustrações são da própria autora e mostram inusitadas dobraduras e imagens que saltam da página. Ótimo para ser incorporado à rotina de bebês e de crianças pequenas antes de dormir.
> A PARTIR DE 1 ANO.

Ensina os números com personagens que as crianças adoram: insetos!

> DE UM A DEZ de Bety Ann Schwartz e ilustrações de Susie Shakir Ed. Melhoramentos, R$ 41.
Cada página corresponde a um número, de um a dez, e traz à cena novos bichinhos. Esses visitantes surgem estampados em fitas que se projetam ao virar das páginas. No final, a surpresa: é só virar o livro de cabeça para baixo e recomeçar a leitura. Em contagem regressiva, a cada página virada os animais se retiram em suas fitas. Um livro-brinquedo criativo e atraente, que desperta o interesse por números.
> A PARTIR DE 1 ANO.

Usa o conto cumulativo para fixar a atenção das crianças até o final
> QUAL O SABOR DA LUA?, de Michael Grejniec Ed. Brinque-Book, R$ 26,50.
Os animais estavam curiosíssimos para saber o sabor da Lua. A tartaruga escalou uma enorme montanha e quase a alcançou. O elefante subiu na tartaruga, mas a lua se ergueu mais um pouco. Depois vieram a girafa, a zebra, o leão, a raposa. Na vez do rato, a lua achou desnecessário se mover e, então, ele conseguiu tirar um pedaço dela para todos provarem. Contos cumulativos sempre mexem com os leitores. Aqui, vão reconhecer o valor de uma iniciativa conjunta. As ilustrações são do autor.
> A PARTIR DE 3 ANOS.

> CASULOS de André Neves Ed. Global, R$ 27
Neste livro, composto apenas por imagens, uma menina interage com uma rosa vermelha e com uma borboleta cor-de-rosa. A rosa e a borboleta ora aparecem em quadros, ora tomam a dimensão da garota (ou será a garota quem assume o tamanho das pinturas?). As possibilidades de interpretação são várias e a cada leitura a interpretação é enriquecida. Uma narrativa aberta que permite que as crianças inventem suas próprias versões, em leitura criativa, livre e rica em elementos.
> A PARTIR DE 5 ANOS.

> BONITEZA SILVESTRE de Lalau e Laurabeatriz Ed. Peirópolis, R$ 24.
Neste livro, há poesias sobre 11 animais da fauna brasileira, incluindo arara-canindé, mico-estrela, iguana, cavalo-marinho e jabuti. Para cada um há uma poesia e, ao final, um pequeno texto com esclarecimentos sobre seus hábitos. Na obra toda, os autores passam conceitos preservacionistas, denunciando especialmente o tráfico de animais. Nas ilustrações, de Laurabeatriz, as crianças aprendem a identificar tais espécies. > A PARTIR DE 4 ANOS.

> O CASO DA LAGARTA QUE TOMOU CHÁ-DE-SUMIÇO, de Milton Célio de Oliveira Filho e ilustrações de André Neves Ed. Brinque-Book, R$ 28,50.
Joaninha, preocupada, procura Dona Coruja. Por onde andaria a lagarta, que até a manhã em questão morava bem naquelas folhas? A coruja, desconfiada, foi investigar. Depois de abordar diversos animais, recebeu a dica do tucano: a lagarta tinha virado borboleta. Além de mostrar o ciclo de vida da borboleta, o livro inspira crianças a saírem em busca de respostas às suas dúvidas. Nas ilustrações, André coloca o seu tom de exagero que dá a graça certa à história.
> A PARTIR DE 3 ANOS.

> DIÁRIO DE BORDO DE NOÉ, de Francesca Bosca e ilustrações de Giuliano Ferri Ed. FTD, R$ 26,60
Noé faz um relato dos dias que passou em sua arca. Ele conta do anúncio de Deus, da construção da arca e do difícil convívio dos animais lá dentro. Havia muitas desavenças e um ambiente insuportável para todos, até o dia em que um elefante quase cai da arca. Vários animais se unem para salvá-lo e, daí em diante, o local fica tomado pela união e alegria. A obra mostra que a cooperação é o ótimo modo de se relacionar, mas, o melhor: tudo com muito humor.
> A PARTIR DE 5 ANOS.

> O CARTEIRO CHEGOU de Janet & Allan Ahlberg Ed. Companhia das Letrinhas, R$ 39.
Cachinhos Dourados manda uma carta para os três ursos, o advogado da Chapeuzinho Vermelho envia uma para o Lobo Mau e João (do Pé de Feijão!) manda um cartão-postal para o Gigante. Essas e outras correspondências estão em páginas-envelopes e cabe aos leitores retirá-las para leitura. Um olhar diferente para os contos de fadas e a brincadeira de provarem do gostinho de receber cartas provoca nos leitores uma participação ativa. As ilustrações são dos autores.
> A PARTIR DE 4 ANOS.

> NÃO VOU DORMIR de Christiane Gribel e ilustrações de Orlando Ed. Global, R$ 27.
A menina escova os dentes e vai para cama, garantindo que não está com sono. Mas suas pálpebras estão pesadas... O texto é curto e as ilustrações mostram o quarto sob o ponto de vista da garota. Conforme seus olhos vão se fechando, seu ângulo de visão vai se reduzindo, as imagens vão se fechando. Até que enfim ela fecha os olhos e a página fica negra.
> A PARTIR DE 3 ANOS.


> MINHA ILHA MARAVILHA de Marina Colasanti Ed. Ática, R$ 23,90.
Nas mais de 30 poesias do livro, a autora passeia por temas relacionados à natureza, cultura, cidades, casas, pessoas etc. Mais do que brincar com palavras, ela brinca com os mais diversos motivos e situações e surpreende o leitor, por exemplo, com uma borboleta que pousa em uma pintura ou com um leão de origami que morde o dedo de quem o cria. As ilustrações, em tons suaves e formas delicadas, são da própria autora.
> A PARTIR DE 6 ANOS.


> LUA NO BREJO COM NOVAS TROVAS de Elias José e ilustrações de Graça Lima Ed. Projeto, R$ 36.
Nos poemas deste livro, é possível encontrar uma série de referências a canções e ditos populares. Os temas mais recorrentes são os animais, os elementos da natureza e a família, sempre tratados com muito humor. Nas crianças, esses poemas são capazes de despertar a musicalidade e a percepção do ritmo que um conjunto de palavras pode gerar. Cada poema tem ao lado uma página inteira com ilustrações alegres e muito coloridas, feitas por Graça Lima.
> A PARTIR DE 5 ANOS.

> O MACACO FAZ DAS SUAS de Mary França e Eliardo França Ed. Global, R$ 25.
Os autores contam cinco histórias do folclore brasileiro, revelando tramas entre raposas, ratos, macacos e outros animais. Nos personagens, é possível identificar uma série de traços do comportamento e da personalidade humana. Em contato com esses enredos, as crianças são capazes de compreender com maior clareza o significado, por exemplo, de astúcia, ingenuidade, poder e vaidade.
> A PARTIR DE 6 ANOS.

> VALENTINA de Márcio Vassallo e ilustrações de Suppa Ed. Global, R$ 29.
Valentina era uma princesa, vivia em um castelo. Não saía de lá, apesar de seus pais, rei e rainha, trabalharem fora. Um dia, ela foi conhecer o que existia depois daquelas paredes. E viu além do seu castelo, além dos castelos vizinhos, além do morro carioca onde de fato morava. Valentina conheceu meninas que sonhavam em ser princesas, mas ela já era uma princesa e não tinha esse sonho. As ilustrações cuidadosamente escondem a brincadeira do texto.
> A PARTIR DE 6 ANOS.

> ISTO É UM POEMA QUE CURA OS PEIXES de Jean-Pierre Siméon e ilustrações de Olivier Tallec Edições SM, R$ 26.
Léo tem um peixe que está prestes a morrer de tristeza. Antes de sair, a mãe do garoto sugere: “Dê logo um poema para ele”. Léo sai em busca do tal poema. Procura na cozinha, no quarto, pergunta às pessoas e depois relata ao peixe as respostas encontradas. Ao ouvi-lo, o bichinho abre os olhos, declara-se poeta e, como mostram as ilustrações, sai nadando com seu dono. Mostra o valor da dedicação a algo e das palavras.
> A PARTIR DE 3 ANOS.


QUANDO ISTO VIRA AQUILO de Guto Lins

Como cobra, passarinho, mar e tamanduá podem se juntar? E jacaré, elefante, cavalo e macaco, como podem ser interligados? Na imaginação pulsante e nos traços alegres do premiado ilustrador e autor de literatura infanto-juvenil Guto Lins tudo é possível. Em Quando isto vira aquilo ele mostra o que acontece quando o ilustrador vira autor e quando o autor vira ilustrador ? um surpreendente jogo de vice-versa, onde texto vira imagem, imagem vira livro, livro vira criança e criança vira sorriso. Quando isto vira aquilo é uma publicação do selo Fio, com obras voltadas aos pequeninos.
> A PARTIR DE 0 ANO

PS: Estamos aceitando doações para a biblioteca da Fazer Arte. Quem quiser fazer uma gracinha...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A melhor idade para dar lucros

Na semana passada enfrentei uma fila gigante no Banco do Brasil. Enquanto aguardava para ser atendida, observei o elevado número de idosos presentes na agência. Uma explicação para esse fato é que a agência fica ao lado da Gerência Executiva da Previdência Social, na Rua Pedro Lessa. Me impressionou a "cordialidade" no atendimento desse público: como se não bastasse o tom sedutor e o olho-no-olho, um dos atendentes costumava tocar suas clientes. Lado a lado, os discursos dos atendentes eram sempre os mesmos: "Quantos anos a senhora tem?" (cara de espanto) "Nossa, não parece!" A conversa nem rendia muito, até que a pergunta central fosse feita: "Vamos fazer um título de capitalização para a senhora? A senhora concorrerá a muitos prêmios!"

Em certo momento, uma senhora corajosa perguntou: "mas eu fiz da última vez e perdi 200 reais!" Sem perder a pose o "vendedor" explicou que agora ela poderia fazer um plano de 12 meses. "Esse passa rapidinho". Bingo! A senhora sorriu sem graça e aceitou fazer.Com um olhar distante, cheio de tristeza, carência, pressa, esperança e outros tormentos, a mulher deixou a agência de cabeça baixa. O vendedor em silêncio comemorou. Que vergonha BB! Espero que esses clientes de vida longa tenham fôlego para buscar seus direitos.

Fiquei pensando na minha mãe sendo convencida a entregar suas limitadas economias. Uma vez ela me contou toda alegre que fez um "título de capitalização". Será que ela sabe a data do vencimento desse título que comprou? Se ela não souber e não procurar, para quem fica esse dinheiro?

Saí da agência com a cabeça cheia de perguntas: o que acontece com o montante depositado pelo governo para as aposentadorias quando o aposentado não aparece para buscar? O banco que recebe esse dinheiro pode movimentá-lo? Se sim, os aposentados ou o governo recebem uma parcela desses rendimentos? Qual é o destino do dinheiro de um aposentado que morre e nenhum parente se apresenta para buscar o dinheiro ou para comunicar o óbito?